São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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"Homem classificação" teme não ter respostas

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Na manhã de quinta, a agência classificadora de risco Moody's rebaixou de estável para negativa a perspectiva das dívidas interna e externa brasileiras. À tarde, fez o mesmo com os depósitos em moeda estrangeira e das dívidas externas de bancos como Bradesco, Itaú, Unibanco e BankBoston.
"A confiança dos investidores internos e externos mudou devido à percepção de incertezas associadas com o resultado das eleições de outubro", dizia trecho de relatório assinado por Vincent J. Truglia, diretor, e Luis Ernesto Martinez-Alas, vice-presidente sênior da unidade de risco soberano da agência em Nova York.
Ontem à tarde, o último conversou com a Folha. Leia a entrevista:
 

Folha - A mudança de classificação da Moody's foi baseada apenas na percepção do mercado ou levou em conta também os fundamentos da economia brasileira?
Luis Ernesto Martinez-Alas -
A mudança foi motivada pelo potencial e real impacto que a mudança de dinâmica dos investidores pode ter na economia.

Folha - O rebaixamento significa que para a Moody's o Brasil corre risco de moratória?
Martinez-Alas -
Nós apenas mudamos a classificação para "negativo". O que nós fazemos são classificações, e essas classificações são uma opinião sobre a qualidade de crédito relativo, incluindo empresas e países. A classificação do Brasil é B1, o que é uma baixa classificação ou um alto risco, o que é equivalente.

Folha - O sr. vê possibilidade de mudança nesta classificação no futuro próximo?
Martinez-Alas -
Isso pode mudar a qualquer momento.

Folha - Mas o sr. acredita na possibilidade de volta da avaliação a um patamar melhor?
Martinez-Alas -
Vocês saberão quando nós fizermos a mudança.

Folha - Qual a sua opinião?
Martinez-Alas -
Vocês saberão quando nós fizermos a mudança.

Folha - Que tipo de ação a agência esperaria do governo para que a classificação fosse mudada?
Martinez-Alas -
Nós não fazemos recomendações a governos. Mas nós estamos muito confiantes em que o país tenha a habilidade e as ferramentas para lidar com choques como este.

Folha - O sr. acredita que os investidores estejam temerosos dos mercados emergentes?
Martinez-Alas -
Não creio que tenha uma resposta adequada.

Folha - Em sua opinião, a ascensão nas pesquisas do candidato Luiz Inácio Lula da Silva continua a assustar o investidor estrangeiro?
Martinez-Alas -
Idem.


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