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Renda do trabalhador tem alta de 7,7%
Reajuste do salário mínimo, inflação em queda e aumento das contratações com carteira assinada explicam melhora
Desemprego contrariou expectativas e cedeu pouco; para o IBGE, mercado de trabalho ainda está em "compasso de espera"
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A renda média real do trabalhador cresceu 1,3% em maio
na comparação com abril e
7,7% em relação ao mesmo mês
no ano passado -a maior alta
da série histórica da nova Pesquisa Mensal de Emprego do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), iniciada em março de 2003. Reajuste
real do salário mínimo, inflação
em queda e aumento das contratações com carteira assinada
garantiram mais dinheiro no
bolso do trabalhador.
Na comparação mensal, a
renda subiu pelo quarto mês
consecutivo. Com aumento de
R$ 13,57 de abril para maio e de
R$ 60,18 em relação a maio de
2005, o rendimento médio bateu em R$ 1.027,80.
Ainda que a renda e a formalidade tenham aumentado em
maio, nem todos os indicadores
foram positivos: a taxa de desemprego caiu apenas 0,2 ponto percentual (variação estatisticamente estável para o IBGE). Passou de 10,4% em abril
para 10,2% em maio.
Segundo o diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João
Sabóia, o reajuste real de 12%
do salário mínimo teve um "impacto generalizado" no mercado de trabalho, atingindo mesmo aqueles que recebem mais
do que o piso de referência ou
estão na informalidade.
A inflação, avalia, não teve
efeito, já que está controlada há
vários meses. Marcelo de Ávila,
economista do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), e Cimar Azeredo Pereira,
gerente da pesquisa do IBGE,
discordam. Dizem que o menor
custo de vida também contribuiu para a recuperação da renda. Em abril, a inflação na seis
áreas pesquisadas foi de 0,17%.
Para Sabóia, a tendência é a
de que a renda continue em expansão em razão das eleições e
de medidas como a intenção de
reajustar o salário dos funcionários públicos. "Há o interesse
do governo em botar renda na
mão das pessoas neste ano."
Poucas contratações
Contrariando as expectativas
de redução, a taxa de desemprego igualou o patamar registrado em maio de 2005.
"Esperávamos uma queda da
taxa de desocupação, que não
aconteceu. Isso mostra que o
mercado de trabalho está em
compasso de espera. Os empresários não vêem ainda estímulo
na conjuntura econômica para
contratar", disse Azeredo Pereira, do IBGE.
De acordo com Azeredo, a
queda dos juros e os maiores
gastos do governo em ano eleitoral ainda não se refletiram no
mercado de trabalho, que mostra por enquanto apenas uma
"tímida recuperação", tendência sinalizada pelo avanço (tido
como estatisticamente estável)
da ocupação.
O número de pessoas empregadas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas (São Paulo,
Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador) cresceu
0,6%, com acréscimo de 113 mil
pessoas de abril para maio. Foi
o primeiro dado positivo desde
dezembro de 2005. Na comparação com maio do ano passado, a expansão da população
ocupada foi de 0,8% -ou 151
mil pessoas a mais.
Na avaliação de Marcelo de
Ávila, do Ipea, há um ganho de
produtividade na economia,
com aumento das horas trabalhadas na produção de bens e
serviços, o que impede um
avanço mais significativo do
emprego. O "compasso de espera" dos empresários está relacionado, segundo ele, com o
câmbio valorizado, que reduz a
rentabilidade de vários setores.
Pelos cálculos do Ipea, será
necessária a abertura de 190
mil postos de trabalho em junho para que a taxa de desemprego fique abaixo da registrada em junho de 2005 -9,4%.
João Sabóia, da UFRJ, diz
que, ainda que estatisticamente estável, o recuo de 0,2 ponto
na taxa de desemprego de abril
para maio já indica uma tendência de declínio do desemprego, que deve se acelerar a
partir deste mês e cair continuamente até o final do ano.
Formalidade
Mais uma vez, as contratações com carteira superaram as
formas informais de inserção
no mercado de trabalho, contribuindo também para o aumento da renda do trabalhador. Isso porque o rendimento
dos formais é mais alto.
O emprego com carteira
cresceu 0,4% em comparação
com abril e 3,8% na comparação com maio. Já o sem-carteira subiu 0,1% de abril para maio
e cedeu 6,8% ante maio de
2005. No caso do trabalho por
conta própria, houve alta de
1,9% na comparação com abril
e de 1% ante maio de 2005.
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