|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Clientes se acotovelam para voar em NY
Varig ofereceu 120 vagas em vôo de Miami, mas não havia critérios nem lista de passageiros prioritários, como grávidas
Cônsul-adjunto tenta organizar embarque no JFK; passageiros se queixam
de que aérea não paga hospedagem nem refeição
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Houve confusão ontem no
aeroporto JFK em Nova York.
Confusão mesmo. Passageiros
que se amontoavam no balcão
da Varig para buscar informação ou tentar, em vão, embarcar em outras companhias souberam de um vôo que viria de
Miami para levá-los de volta ao
Brasil às 21h. Mas só eram 120
vagas. Pronto. Estava armada a
barafunda.
Não havia critérios nem lista
de clientes prioritários, como
grávidas, crianças de colo, idosos ou quem já esperava havia
uma semana. Quem se acotovelou antes conseguiu a reserva.
Brasileiros, eles próprios,
boa parte com camisa da seleção, tentavam organizar uma
fila. "Às 15h vai ter check-in.
Onde? Como? Com quem? Não
informam nada", reclamava
Guilherme Hoff, 53, que queria
voltar a Campinas. O check-in
foi depois adiado para as 17h30.
E depois para as 18h.
"Fomos mandadas embora.
Procurem o consulado", dizia
uma dupla de (ex-) funcionárias da Varig ao cruzar o saguão.
O cônsul-adjunto em Nova
York, Evaldo Freire, tentava
organizar o embarque no JFK.
"Vamos fazer uma lista para
evitar tumulto de última hora",
dizia aos passageiros.
"Soluções serão encontradas.
O governo brasileiro está a par
da situação. Já existe um gabinete de crise no ministério [das
Relações Exteriores] e no Planalto", completou à Folha.
Freire diz haver a possibilidade
de vôos da FAB para repatriação. "Mas só em último caso."
Último caso: a Varig ter falência decretada e deixar definitivamente de operar.
Até lá, o consulado disponibiliza, sem pagar, uma lista de
hotéis em Manhattan e região.
A Varig, se queixam os passageiros, não tem pago hospedagem, traslado nem refeição.
Com um bebê de quatro meses no colo e mulher, o mineiro
Milton Duarte, 34, se queixa:
"Não respeitam nem criança".
"No aeroporto não se pode
dormir, é proibido. Chegamos
de madrugada", diz Lisara
Konzen, 45, que não sabia se
conseguiria voltar a Venâncio
Aires (RS). "Quero ir embora",
chorava o garoto Victor, de 4
anos, com um protótipo de
avião da Varig na mão. A mãe,
Mara Lúcia Andrade, 37, tentava voltar com ele a São Paulo.
"Não sabemos se vai dar certo ou não", afirmava Patrícia
Pacini, 35, que há três dias esperava para voltar a São Paulo.
Ela e outros brasileiros acompanharam o jogo da seleção em
TVs de plasma de um bar do
aeroporto.
No fim da tarde, a boa notícia: todos os 108 passageiros
que estavam no JFK embarcariam. Até a conclusão desta
edição, o vôo não havia decolado. Foi remarcado das 21h para
as 23h30 (horário local, uma
hora a menos que Brasília).
O guichê da Varig fica no terminal 4 do JFK. Os vizinhos de
balcão: Egypt Air, Kwait Airlines, Royal Jordanian, Uzbekistan Airlines, Aerosvit Ukranian
e Air India. E TAM -que tinha
15 assentos para passageiros da
concorrente, que, por fim, não
foram usados.
Para hoje, a Varig prometeu
trazer um Boeing-767 para levar 232 passageiros. Diferentemente de ontem, todos embarcariam em Nova York.
Texto Anterior: "Eles fazem manutenção?' Próximo Texto: "Sucatões" poderão buscar brasileiros Índice
|