São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Clientes se acotovelam para voar em NY

Varig ofereceu 120 vagas em vôo de Miami, mas não havia critérios nem lista de passageiros prioritários, como grávidas

Cônsul-adjunto tenta organizar embarque no JFK; passageiros se queixam de que aérea não paga hospedagem nem refeição


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

Houve confusão ontem no aeroporto JFK em Nova York. Confusão mesmo. Passageiros que se amontoavam no balcão da Varig para buscar informação ou tentar, em vão, embarcar em outras companhias souberam de um vôo que viria de Miami para levá-los de volta ao Brasil às 21h. Mas só eram 120 vagas. Pronto. Estava armada a barafunda.
Não havia critérios nem lista de clientes prioritários, como grávidas, crianças de colo, idosos ou quem já esperava havia uma semana. Quem se acotovelou antes conseguiu a reserva.
Brasileiros, eles próprios, boa parte com camisa da seleção, tentavam organizar uma fila. "Às 15h vai ter check-in. Onde? Como? Com quem? Não informam nada", reclamava Guilherme Hoff, 53, que queria voltar a Campinas. O check-in foi depois adiado para as 17h30. E depois para as 18h.
"Fomos mandadas embora. Procurem o consulado", dizia uma dupla de (ex-) funcionárias da Varig ao cruzar o saguão.
O cônsul-adjunto em Nova York, Evaldo Freire, tentava organizar o embarque no JFK.
"Vamos fazer uma lista para evitar tumulto de última hora", dizia aos passageiros.
"Soluções serão encontradas. O governo brasileiro está a par da situação. Já existe um gabinete de crise no ministério [das Relações Exteriores] e no Planalto", completou à Folha. Freire diz haver a possibilidade de vôos da FAB para repatriação. "Mas só em último caso." Último caso: a Varig ter falência decretada e deixar definitivamente de operar.
Até lá, o consulado disponibiliza, sem pagar, uma lista de hotéis em Manhattan e região. A Varig, se queixam os passageiros, não tem pago hospedagem, traslado nem refeição.
Com um bebê de quatro meses no colo e mulher, o mineiro Milton Duarte, 34, se queixa: "Não respeitam nem criança".
"No aeroporto não se pode dormir, é proibido. Chegamos de madrugada", diz Lisara Konzen, 45, que não sabia se conseguiria voltar a Venâncio Aires (RS). "Quero ir embora", chorava o garoto Victor, de 4 anos, com um protótipo de avião da Varig na mão. A mãe, Mara Lúcia Andrade, 37, tentava voltar com ele a São Paulo.
"Não sabemos se vai dar certo ou não", afirmava Patrícia Pacini, 35, que há três dias esperava para voltar a São Paulo. Ela e outros brasileiros acompanharam o jogo da seleção em TVs de plasma de um bar do aeroporto.
No fim da tarde, a boa notícia: todos os 108 passageiros que estavam no JFK embarcariam. Até a conclusão desta edição, o vôo não havia decolado. Foi remarcado das 21h para as 23h30 (horário local, uma hora a menos que Brasília).
O guichê da Varig fica no terminal 4 do JFK. Os vizinhos de balcão: Egypt Air, Kwait Airlines, Royal Jordanian, Uzbekistan Airlines, Aerosvit Ukranian e Air India. E TAM -que tinha 15 assentos para passageiros da concorrente, que, por fim, não foram usados.
Para hoje, a Varig prometeu trazer um Boeing-767 para levar 232 passageiros. Diferentemente de ontem, todos embarcariam em Nova York.


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