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"Sucatões" poderão buscar brasileiros
Comandante da Aeronáutica determina que Boeings da Força Aérea, que já foram usados pela Presidência, fiquem de prontidão
Anac afirma que 28 mil
brasileiros que viajaram
para o exterior pela
Varig têm retorno ao país
previsto para este mês
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, determinou ontem que dois
Boeings-707 da Força Aérea,
conhecidos como "sucatões",
ficassem em solo, na Base Aérea do Galeão, no Rio, disponíveis para a eventualidade de
uma operação de repatriamento de brasileiros que estejam no
exterior com passagem da Varig sem possibilidade de voltar.
Os "sucatões" eram usados pela
Presidência da República.
Reportagem de ontem da Folha sobre a falta de assistência a
brasileiros e a paraguaios com
passagem da aérea e desamparados em Nova York acendeu o
sinal amarelo tanto na Aeronáutica quanto no Itamaraty,
que coordena -ou tenta coordenar- uma ação de apoio aos
passageiros prejudicados.
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil),
Milton Zuanazzi, resumiu os
problemas a um grupo de 60
pessoas em Nova York (EUA).
Ontem, um total de 2.903 passageiros internacionais da Varig seriam trazidos de volta ao
Brasil por outras companhias.
Por volta de 12h30, o embaixador Manoel Gomes Pereira,
chefe do Departamento de Comércio Brasileiro no Exterior,
foi informado de que a Varig
enviara um Boeing de Miami
para retirar os brasileiros de
Nova York e trazê-los para São
Paulo. A decolagem de Nova
York estava prevista para as
20h30 (horário local).
Ontem, a Anac divulgou pela
primeira vez o total de passageiros da Varig que estão no exterior e têm volta prevista ao
Brasil até o dia 30 deste mês.
São 28 mil, cerca de 13 mil deles
na Europa -5.600 na Alemanha. Os demais se distribuem
pela América do Norte (4.000)
e pela América do Sul (10.800).
Segundo Zuanazzi, a Varig
fechou acordos bilaterais com a
Lufthansa (Alemanha), a Alitalia (Itália), a Avianca (Colômbia), a TAP (Portugal), a LanChile e a Delta e a United Airlines (EUA) para endossar bilhetes da companhia. Pelo menos
duas companhias, entretanto, a
Delta e a Alitalia, desmentiram
a informação ontem, declarando que não aceitam mais o endosso de bilhetes Varig.
O presidente da Anac disse à
Folha que ainda não era ponto
pacífico que a Varig assumisse
os custos com hospedagem e
alimentação dos passageiros
que aguardassem mais de quatro horas para embarcar. Essa
responsabilidade está prevista
em lei, mas a Varig resiste, e
Zuanazzi vinha tentando acertar com a empresa que a regra
fosse cumprida. O Itamaraty
está com um plantão em Brasília, das 8h à 0h, com quatro pessoas por turno de quatro horas,
para monitorar a crise gerada
pelo cancelamento de vôos e já
preparada para a hipótese de a
Varig parar definitivamente.
A Anac montou um gabinete
de crise no Ministério da Defesa, que se encerra quando a
Justiça do Rio decidir a mudança de gestão ou a a falência da
Varig. Nesse último caso, entra
em cena um plano de contingência para repasse das rotas
da empresa a concorrentes.
Cancelamentos
Até as 13h, a Varig cancelou
118 de um total de 189 vôos previstos para ontem, segundo a
Infraero -estatal que administra os aeroportos.
A TAM fretou aviões só para
atender passageiros Varig que
tiveram vôos cancelados. A aérea fez os trechos de Belém
(PA) a Brasília, Congonhas (SP)
a Brasília, Porto Alegre (RS) a
Congonhas e Congonhas a Curitiba (PR). A Gol também tem
acomodado os passageiros da
Varig em assentos disponíveis.
Colaborou a Reportagem Local
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