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Concorrentes têm 2 dias para assumir rotas se Varig falir
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA COLUNISTA DA FOLHA
Se a Justiça do Rio decretar a
falência da Varig hoje, será de
caos o final de semana. As empresas concorrentes, que em
eventual colapso da companhia
assumiriam suas rotas, têm
prazo de 48 horas para dar início aos novos vôos internacionais, segundo Waldomiro Silva
Júnior, diretor da BRA.
"O plano de contingenciamento começa a funcionar
imediatamente, com a assistência aos passageiros, mas
com a limitação de 48 horas para começar a operar", disse.
No plano doméstico, a situação tende a ser menos drástica,
uma vez que a Varig vem encolhendo sua participação no
mercado (reduzida agora a menos de 10%) e não há hoje rota
interna realizada apenas por
ela. Pela lógica, Gol, TAM, BRA
e Ocean Air seriam capazes de
atender toda a demanda oferecendo mais vôos, por exemplo.
Em outra ponta, o chefe da
Divisão de Serviços, Investimentos e Assuntos Financeiros
do Itamaraty, conselheiro Ronaldo Costa Filho, disse que a
Espanha já anunciou que não
haverá nenhum problema para
que os slots (espaço das aéreas
em solo) da Varig sejam repassados a outras companhias nacionais, se ela quebrar.
A importância dos slots não
se restringe ao guichê de embarque ou ao hangar para o
avião. Significa, também, encaixar o vôo na grade de horários do aeroporto, o que permite à Varig ter horários nobres.
A Itália disse que não haverá
problemas para manter os slots
com empresas nacionais, enquanto os Estados Unidos explicaram que tudo depende de
cada aeroporto. Outros países,
como Venezuela e Portugal,
ainda não responderam.
As consultas foram feitas por
embaixadas e consulados do
Brasil no exterior e, segundo
Costa Filho, tiveram um caráter de "alerta sobre a difícil situação da Varig e de sondagem
sobre o futuro". Tanto cuidado
retórico é porque o Itamaraty
teme que os governos interpretem a manobra como decretação antecipada do fim da aérea.
Fatiamento das rotas
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) vem barganhando com concorrentes da Varig o
fatiamento das rotas internacionais em caso de colapso da
empresa.
Como moeda de troca, elas
vêm assumindo passageiros da
Varig no plano de emergência,
cientes das pequenas chances
de serem ressarcidas, diz Silva
Júnior, da BRA.
Na terça-feira, a Anac anunciou plano de emergência para
atender passageiros afetados
pela decisão da Varig de manter
18 aeronaves no chão.
As empresas estão colaborando, mas querem explorar
determinada linha de seis meses a um ano depois para recuperar o investimento.
(IURI DANTAS E ELIANE CANTANHÊDE)
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