São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Indústria paulista espera crescer com mercado interno

46% das empresas ouvidas pelo Ciesp estimam mais produção e venda para este mês

Valorização do real faz expectativa para mercado externo continuar negativa; das indústrias consultadas, 60% são micro e pequenas


CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria paulista deve acelerar neste mês o ritmo de seus negócios com aumento de produção e vendas no mercado interno. Com o real valorizado, as previsões para o mercado externo continuam negativas.
É o que constata levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) feito na primeira semana deste mês com 641 empresas. Das indústrias consultadas, 60% são micro e pequenas e 31% de médio porte.
O aumento na produção e nas vendas internas é esperado por 46% das indústrias entrevistadas -desse total, 7% apostam em um crescimento acentuado nos negócios. Há um ano, o percentual que esperava expansão nas vendas e na produção era menor: 28% das fábricas entrevistadas. Os negócios ficar estáveis para 30% das consultadas e cair para 24% delas.
"A expectativa positiva se reflete em razão do aumento da renda e da expansão do crédito combinado a certa estabilidade do emprego. Esse cenário traz dinamismo ao mercado interno. E, com isso, a indústria aposta em aumento das vendas internas e da produção", afirma Carlos Cavalcanti, economista-chefe do Ciesp. "Há uma convicção de que a situação neste mês será melhor para as empresas de todos os portes."
Isso se nota também, segundo diz, pela redução significativa, na comparação com o ano passado, do percentual de empresas que responderam esperar queda nas vendas. Em junho de 2006, eram 49% das entrevistadas. Neste mês, 24%.
Segundo o levantamento, 46% das empresas informaram que os resultados já foram melhores em maio passado em relação a maio de 2006. Esse percentual foi de 35% na comparação de 2006 ante 2005.
Os indicadores de produção industrial e emprego do IBGE já deram sinais do desempenho positivo do setor neste ano. A produção cresce a taxa acumulada de 4,3% em relação ao primeiro quadrimestre de 2006. Das 14 áreas pesquisadas pelo instituto, 11 cresceram no acumulado de janeiro a abril.
Na Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), apesar de o crescimento não ser uniforme nos 27 segmentos, na média, o faturamento nominal do setor cresceu 7,5% nos cinco primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2006.
"Os segmentos com melhor desempenho são: máquinas e equipamentos para madeira, que atende a indústria moveleira; válvulas industriais, que se beneficiou das encomendas para refinarias e plataformas para a Petrobras, e o de máquinas agrícolas", diz Newton Mello, presidente da associação. Os piores resultados foram registrados no de máquinas têxteis e no de máquinas-ferramentas.
O nível de encomendas do setor, segundo o empresário, tem se mantido estável, e com isso a previsão é crescer 4,5% neste ano sobre 2006.
A Kone, fabricante de máquinas de Limeira, que também presta serviços na área de usinagens, constatou aumento de 10% nas vendas em maio e espera repetir esse resultado neste mês. A empresa, cujo faturamento anual é da ordem de R$ 15 milhões, investiu R$ 3 milhões, desde abril, na aquisição de máquinas de alta tecnologia.
Na Fitas Metálicas, fabricantes de lâminas para motores de Guarulhos, que fornece componentes para os setores eletroeletrônico e automobilístico, a previsão também é crescer 10%. "Apesar de as exportações caírem [passaram de 7% em 2006 para 2% neste ano], nossas vendas vão bem, especialmente para o setor automobilístico. A mão-de-obra aumentou 12%", diz Daniele Pestelli, presidente da empresa.
Nos oito segmentos representados pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), 58% das empresas também esperam aumento nas encomendas e nas vendas neste trimestre em relação ao trimestre anterior.
"Os investimentos feitos em diversos setores, como petróleo, gás, mineração e siderurgia, continuam gerando encomendas ao segmento de automação industrial e equipamentos industrias, área em que 78% esperam crescer", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee. "Só não estamos mais satisfeitos porque há dois segmentos nos preocupam: o de componentes eletroeletrônicos e o de telecomunicações", diz Barbato. O primeiro sofre com real valorizado e concorrência com produtos chineses. Na área de telecomunicações, os investimentos em infra-estrutura seguem parados e as vendas de celulares recuaram.


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