São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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ANÁLISE

Indústria limita a retomada

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em maio, a geração de empregos formais voltou a aumentar, mas continuou muito inferior à que vinha sendo observada até setembro do ano passado, sobretudo devido à evolução do emprego industrial. Foi o quinto mês consecutivo de melhora do emprego formal, depois do resultado desastroso de dezembro de 2008 (quando foram fechados 655 mil postos de trabalho, o resultado mais negativo já registrado pelo Caged, cuja apuração começou em 1992).
Para avaliar de maneira mais precisa a situação do mercado de trabalho, é importante levar em conta que as contratações e as demissões costumam oscilar conforme a época do ano, em função das flutuações das vendas e da produção. Realizando o ajustamento sazonal dos dados do Caged, o retrato do que ocorreu nos últimos meses muda um pouco -e a importância do resultado de maio fica mais clara.
Os dados ajustados revelam que entre janeiro e setembro de 2008 a geração líquida de empregos formais alcançava, em média, 180 mil por mês, o ritmo mais forte já observado. A partir de outubro, houve inflexão drástica, associada à queda súbita da confiança e ao travamento global do crédito, que levou em apenas três meses à débâcle de dezembro. A partir de janeiro, teve início uma recuperação, mas de março para abril a retomada das contratações sofreu uma preocupante interrupção. Em maio, por fim, a criação de empregos voltou a aumentar de maneira nítida, reforçando a perspectiva de que a recuperação do emprego formal terá continuidade.
A indústria foi o setor da economia que liderou a piora do mercado de trabalho no final de 2008 e é também aquele no qual as contratações têm se recuperado mais lentamente. Esse comportamento está ligado ao fato de que ela sofre mais do que os demais setores com a queda das exportações e os cortes de produção feitos visando permitir uma redução dos estoques. O ajustamento de estoques avançou bastante na maioria dos segmentos da indústria nos últimos meses, mas sobretudo no segmento de bens de capital ele parece ainda não ter se completado -o que poderá manter lenta, ainda por alguns meses, a recuperação do emprego industrial.


FERNANDO SAMPAIO , economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.


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