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GANÂNCIA INFECCIOSA
Ações de bancos dos EUA são afetadas pela WorldCom e por acusação de envolvimento com a Enron
Quebras e fraudes atingem bancos e Bolsas
DA REDAÇÃO
O curto-circuito entre escândalos financeiros e a maior concordata da história dos EUA, a da
empresa de telecomunicações
WorldCom, afetaram as ações de
teles e dos maiores bancos europeus e norte-americanos e provocaram nova onda de devastação
nas principais Bolsas do mundo.
A concordata da WorldCom e o
escândalo da Enron foram os pivôs da história. A gigante de telecomunicações americana declarou-se oficialmente insolvente na
noite de domingo. As ações de
bancos credores da empresa despencaram, entre eles os americanos JP Morgan (6%) e Citibank
(11%) e o alemão Deutsche Bank
(6%). O Citi e o JP Morgan foram
envolvidos ainda na concordata
fraudulenta da gigante em negócios de energia Enron.
"Certas instituições financeiras
se envolveram, e até auxiliaram,
nas transações que a Enron usou
para esconder sua dívida, e, assim, fizeram com que a situação
financeira da companhia parecesse mais sólida do que era", afirmou ontem a senadora republicana Susan Collins.
A BellSouth, outra tele dos EUA,
avisou ontem que seus lucros caíram 66% e vão continuar ruins
para o resto do ano. Suas ações
tombaram 18% em Nova York.
Sua concorrente Verizon perdeu
12% de seu valor na Bolsa.
Pela primeira vez desde 1998 o
índice Dow Jones caiu abaixo de
8.000 pontos (nível tido como
"barreira de pânico" pelos investidores). De nada adiantou mais
um discurso do presidente George W. Bush em defesa das corporações e da economia do país.
Conivência
O Citigroup e o JP Morgan Chase estão sendo acusados de terem
ajudado a Enron nas fraudulentas
transações contábeis que movimentavam bilhões de dólares e faziam os balanços da negociadora
de energia parecerem melhores
do que realmente eram.
Os bancos concederam empréstimos que a Enron registrou em
seus balanços como se fossem receitas de venda de energia. Assim,
ao se observar os relatórios financeiros, a dívida da companhia
aparecia artificialmente reduzida,
enquanto o faturamento, em contrapartida, estava inflado.
Segundo investigações do Senado norte-americano, a Enron
conseguiu levantar US$ 8,5 bilhões com o Citi e o JP Morgan,
sempre utilizando transações que
eram classificadas como venda ou
compra de energia. O esquema
envolvia subsidiárias em paraísos
fiscais, como as Ilhas Cayman.
As transações ocorreram entre
1992 e 2001, segundo os senadores. De acordo com os parlamentares envolvidos nas investigações
do colapso da Enron, a empresa
deveria ter registrado as operações como "dívidas", não como
entrada de capital. Novas revelações deverão ser apresentadas hoje pelos congressistas, durante
uma sessão da subcomissão de investigações do Senado.
Além do Citi e o JP, outros bancos também estariam envolvidos
no esquema, totalizando outro
US$ 1 bilhão. Os bancos citados
são: Crédit Suisse, FleetBoston,
Barclays, Royal Bank of Scotland
e Toronto-Dominion Bank. Todos viram o preços de suas ações
cair ontem.
Tentando se reerguer, a Enron
passou a cooperar com o trabalho
dos investigadores do governo
norte-americano e do Congresso.
Por isso, existe a expectativa de
que surjam novas revelações ao
longo dos inquéritos.
A maior parte dos bancos não se
pronunciou sobre as acusações. O
JP Morgan disse ao jornal "The
Washington Post" que as transações seguiam a legislação contábil. O Citi disse ao "The New York
Times" que os negócios eram "totalmente apropriados" e que não
tinha conhecimento das fraudes.
Segundo estimativa da comissão do Senado que investiga o colapso da Enron, no ano de 2000 as
dívidas da empresa seriam ao menos 40% maiores do que as informadas. O faturamento, por outro
lado, seria 50% menor.
Efeito WorldCom
A concordata da WorldCom
agravou a crise dos já combalidos
mercados financeiros. Para alguns analistas, as perdas sofridas
em casos como o calote argentino
e a quebra de grandes corporações pode iniciar uma onda de fusões no setor bancário.
Além da bancarrota da WorldCom, que dispõe de ativos avaliados em US$ 107 bilhões e cujo endividamento soma US$ 41 bilhões, houve as concordatas de
grandes empresas como a própria
Enron e a tele Global Crossing.
Todas são acusadas de fraude.
O holandês ABN
Amro, maior credor europeu da tele depois do Deutsche, perdeu 7% e foi ao seu menor patamar em quatro anos.
O presidente da WorldCom,
John Sidgmore, afirmou que espera deixar a concordata em menos de um ano. "A reorganização
não será uma liquidação", disse.
Com agências internacionais
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