São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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CVM ameaça entrar na Justiça; ações caem 17%

DA REPORTAGEM LOCAL

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil, poderá entrar com processo na Justiça contra os controladores da Bombril, caso seja comprovado que a empresa e seus acionistas minoritários foram lesados pelo envio irregular de US$ 1,3 bilhão ao exterior, entre abril de 1996 e fevereiro de 2001.
"Vamos pedir ao Ministério Público que nos envie essa documentação e, se for constatada lesão à empresa e aos acionistas minoritários, poderemos entrar na Justiça contra os seus controladores", disse Luís Leonardo Cantidiano, presidente da CVM. Ontem, as ações da empresa caíram 16,7%.
Segundo Cantidiano a Bombril é reincidente na prática de irregularidades. Em abril deste ano Cragnotti foi multado em R$ 62,5 milhões pela CVM por uma operação que lesou os acionistas minoritários. Ele deu aval para venda, à vista, de uma empresa do grupo Cragnotti, a Cirio Holding, para a Bombril e recomprou-a um ano e meio depois. Obteve no negócios duas vantagens: recomprou a Cirio em quatro pagamentos e pouco depois vendeu sua divisão de laticínios para a Parmalat com lucro de R$ 135,8 milhões.
Não é a primeira vez que Cragnotti se vê às voltas com escândalos financeiros. Em 1993 ele foi investigado pela Justiça italiana durante a chamada "operação mãos limpas". O empresário chegou a ser preso, acusado de publicar balanço falso quando era diretor do grupo Ferruzzi, então um dos maiores da Itália, e de desviar dinheiro através de empresas no Brasil entre 80 e 91 para financiar ilegalmente partidos políticos.



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