|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil e México avançam em empresas argentinas
DE BUENOS AIRES
A compra da Pecom pela Petrobras mostra que o capital estrangeiro deve continuar a avançar sobre as empresas argentinas, mas, diferentemente do que
aconteceu durante a década de 90, os principais compradores devem
vir de dois países latino-americanos: o Brasil e o México.
A indústria argentina passou para mãos estrangeiras principalmente durante os dois mandatos do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999). Após um intenso
processo de privatizações, o país chegou ao ano 2000 com 63% de
suas 500 maiores companhias sob o controle do capital externo.
Na época, México e Brasil ficaram praticamente de fora desse
processo, já que o regime de conversibilidade (que atrelou a cotação do dólar ao peso) inflou os
preços das empresas argentinas.
No entanto, após o colapso da
economia e a desvalorização cambial no país vizinho, os preços voltaram a ser atrativos para latino-americanos.
"Empresas que antes só poderiam ser adquiridas por norte-americanos e europeus se tornaram agora ativos acessíveis também para brasileiros e mexicanos", disse Eloi Rodrigues de Almeida, presidente do grupo Brasil
(entidade que reúne 193 empresas
brasileiras com investimentos na
Argentina).
Além da compra da Pecom pela
Petrobras, ele citou a aquisição de
37% das ações da cervejaria Quilmes pela AmBev e o recente interesse da maior telefônica mexicana -a Telmex- pela compra da
Telecom Argentina como exemplos de que pode estar começando uma verdadeira invasão latino-americana no país.
Para os próximos meses, Almeida acredita que os brasileiros vão
avançar principalmente nos setores de autopeças, produtos lácteos
e empresas de varejo.
A analista Marta Castelli, da
agência de classificação de risco
Standard & Poor's, também acredita que o momento é positivo para ir às compras na Argentina,
mas apenas nos casos de empresários que tenham uma visão a
longo prazo.
"Ainda não é possível fazer previsões sobre a recuperação da
economia argentina. Mas para
uma empresa saudável, que não
precisa de retornos imediatos, talvez seja conveniente aproveitar os
preços atrativos."
No entanto, ela afirmou que o risco do negócio continua alto, já
que não há garantias de que o vizinho vai conseguir fechar o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e que a restruturação do sistema bancário será
bem-sucedida. (JS)
Texto Anterior: Para analistas, negócio foi caro mas promissor Próximo Texto: Frase Índice
|