São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil e México avançam em empresas argentinas

DE BUENOS AIRES

A compra da Pecom pela Petrobras mostra que o capital estrangeiro deve continuar a avançar sobre as empresas argentinas, mas, diferentemente do que aconteceu durante a década de 90, os principais compradores devem vir de dois países latino-americanos: o Brasil e o México.
A indústria argentina passou para mãos estrangeiras principalmente durante os dois mandatos do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999). Após um intenso processo de privatizações, o país chegou ao ano 2000 com 63% de suas 500 maiores companhias sob o controle do capital externo.
Na época, México e Brasil ficaram praticamente de fora desse processo, já que o regime de conversibilidade (que atrelou a cotação do dólar ao peso) inflou os preços das empresas argentinas.
No entanto, após o colapso da economia e a desvalorização cambial no país vizinho, os preços voltaram a ser atrativos para latino-americanos.
"Empresas que antes só poderiam ser adquiridas por norte-americanos e europeus se tornaram agora ativos acessíveis também para brasileiros e mexicanos", disse Eloi Rodrigues de Almeida, presidente do grupo Brasil (entidade que reúne 193 empresas brasileiras com investimentos na Argentina).
Além da compra da Pecom pela Petrobras, ele citou a aquisição de 37% das ações da cervejaria Quilmes pela AmBev e o recente interesse da maior telefônica mexicana -a Telmex- pela compra da Telecom Argentina como exemplos de que pode estar começando uma verdadeira invasão latino-americana no país.
Para os próximos meses, Almeida acredita que os brasileiros vão avançar principalmente nos setores de autopeças, produtos lácteos e empresas de varejo.
A analista Marta Castelli, da agência de classificação de risco Standard & Poor's, também acredita que o momento é positivo para ir às compras na Argentina, mas apenas nos casos de empresários que tenham uma visão a longo prazo.
"Ainda não é possível fazer previsões sobre a recuperação da economia argentina. Mas para uma empresa saudável, que não precisa de retornos imediatos, talvez seja conveniente aproveitar os preços atrativos."
No entanto, ela afirmou que o risco do negócio continua alto, já que não há garantias de que o vizinho vai conseguir fechar o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e que a restruturação do sistema bancário será bem-sucedida. (JS)


Texto Anterior: Para analistas, negócio foi caro mas promissor
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.