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Parte do compulsório recolhido é remunerado pela taxa Selic; ganho é referente ao primeiro semestre
Dinheiro parado no BC dá R$ 450 mi a bancos
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As elevadas alíquotas do recolhimento compulsório praticadas
no país renderam cerca de R$ 450
milhões aos bancos no primeiro
semestre deste ano. O valor se refere aos juros pagos às instituições
financeiras pelos recursos recolhidos ao Banco Central.
Atualmente, o BC retém o equivalente a 68% dos depósitos à vista mantidos pelos bancos -a cada R$ 100 depositados em contas
correntes, R$ 68 são recolhidos
pelo BC. O objetivo é evitar que o
volume de dinheiro em circulação
no país seja alto, o que poderia
pressionar a inflação.
Até o ano passado, o dinheiro
recolhido por meio do compulsório sobre depósitos em conta corrente ficava parado no BC. Ou seja, os bancos não recebiam nenhum rendimento sobre os recursos que eram recolhidos.
Em agosto de 2002, porém, o BC
decidiu remunerar parte do dinheiro recolhido. O objetivo era
evitar que aumentos no compulsório tivessem impacto muito
grande nas contas dos bancos.
Entre agosto e dezembro, essa
remuneração rendeu às instituições cerca de R$ 240 milhões. Os
ganhos foram se elevando à medida que o Banco Central aumentava a Selic (taxa básica). Em agosto,
os juros estavam em 18% ao ano.
Hoje, estão em 26% anuais.
Juros altos
A elevada alíquota do recolhimento compulsório é uma das
justificativas apresentadas pelos
bancos para explicar as altas taxas
de juros cobradas nos seus empréstimos.
Segundo essa explicação, quanto mais dinheiro é retido pelo
Banco Central, menos recursos ficam disponíveis para serem emprestados. Com isso, as taxas cobradas acabariam subindo.
A última mudança no compulsório aconteceu em fevereiro deste ano, quando o Banco Central
elevou de 45% para 60% a alíquota do recolhimento não-remunerado que incide sobre os depósitos à vista. Não houve mudança
na parcela do compulsório corrigida pela Selic, cuja alíquota foi
mantida em 8%. Assim, na prática, o Banco Central passou a reter
68% dos saldos em conta corrente, contra os 53% que vigoravam
até então.
Desde então, aumentou, principalmente por parte dos bancos, a
pressão para que o Banco Central
reduzisse o compulsório. A medida seria necessária para estimular
a queda dos juros praticados pelas
instituições.
R$ 135 bilhões retidos
Atualmente, o BC retém aproximadamente R$ 135 bilhões dos
bancos a título de compulsório
-quase o dobro dos R$ 70 bilhões registrados no início de
2002. O valor se refere ao recolhimento que incide tanto sobre a
poupança como sobre os depósitos à vista e a prazo.
Os R$ 135 bilhões correspondem a um terço do volume de crédito total disponível no sistema financeiro no Brasil.
A expectativa é que o Banco
Central reduza, em breve, as alíquotas de recolhimento do compulsório.
Essa preocupação também explica a manutenção da taxa Selic
em níveis elevados. A expectativa
do mercado é que, hoje, o Copom
(Comitê de Política Monetária)
do Banco Central promova um
novo corte nos juros.
Isso seria um sinal de que, de
agora em diante, o Banco Central
adotará uma política monetária
menos rígida. Em junho, o BC reduziu os juros em 0,5 ponto percentual (de 26,5% para 26%).
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