São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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RETOMADA

Taxa cai em junho pelo 2º mês seguido, para 11,7%; cresce a ocupação com carteira assinada, e renda mostra recuperação

Desemprego recua; aumenta vaga formal

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo segundo mês consecutivo, o mercado de trabalho melhorou nas seis maiores regiões metropolitanas do país, segundo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A taxa de desemprego ficou em 11,7% em relação à PEA (População Economicamente Ativa, soma dos que estão trabalhando com os que estão em busca de emprego), a mesma registrada em janeiro. Em maio, a taxa já havia caído para 12,2%, após bater recorde em abril (13,1%).
A taxa de junho também é inferior à apurada no mesmo mês de 2003 (13%), quando a atividade econômica estava no fundo do poço. "Em junho, houve um cenário econômico extremamente favorável ao mercado de trabalho. Mas há um fator sazonal para essa queda. É de esperar que no meio do ano a atividade econômica se aqueça e a taxa caia", disse o gerente da pesquisa, Cimar Pereira.
A redução foi acompanhada não somente pelo aumento de vagas ocupadas como pelo menor número de desempregados. De maio para junho, o número de pessoas ocupadas cresceu em 80 mil. Em relação a junho de 2003, o contingente de trabalhadores aumentou em 598 mil.
Já o total de desempregados diminuiu em 108 mil pessoas na comparação com maio, embora permaneça num nível elevado. Nas seis áreas pesquisadas em junho, foram contabilizados 2,5 milhões de desempregados.
Uma das principais principais razões citadas pelo IBGE para os dois movimentos é a recuperação da renda. O rendimento médio do trabalhador cresceu 1,8% sobre maio -em relação a junho de 2003, a queda foi de 0,5%.
Com a renda e a ocupação em recuperação, membros da família que antes saíam em busca de trabalho para complementar o orçamento, como aposentados e estudantes, deixaram de procurar e de pressionar a taxa de desemprego.
"A recuperação no mercado de trabalho era esperada, mas foi melhor do que se esperava", disse o economista da consultoria Global Invest Paulo Gomes.
Outro dado positivo foi o aumento de empregados com carteira assinada, que cresceu, em junho, 3,3% relação ao mesmo mês do ano passado- a maior alta desde maio de 2003.
Por outro lado, houve uma expansão do trabalho sem carteira assinada, de 8,6%, em relação a junho do ano passado.
Para o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Luiz Parreiras, o aumento da contratação sem carteira assinada se alinha com a própria recuperação econômica. "Quando a economia começa a se recuperar, primeiro ocorre um aumento das horas trabalhadas. Depois, sobem as vagas sem carteira assinada. Só depois de a economia permanecer em crescimento sustentado as empresas assinam a carteira."
A recuperação do mercado de trabalho, na avaliação do diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Sabóia, não foi uma surpresa. "A tendência é que melhore porque a economia está se recuperando. O ano passado foi muito ruim e o crescimento está se firmando", disse Sabóia.


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