São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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DISPUTA DE VIZINHOS

Máquinas de lavar roupa brasileiras poderão levar até 60 dias para entrar no mercado argentino

Argentina dificulta importação do Brasil

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A partir de hoje as máquinas de lavar roupas brasileiras poderão levar até 60 dias para entrar no mercado argentino. Ontem,o governo argentino cumpriu a promessa de exigir licenças prévias para a importação do produto.
A resolução 177 foi publicada ontem no "Diário Oficial" da Argentina. Trata-se da regulamentação da medida que há duas semanas estabeleceu que o governo poderá exigir autorização prévia para a importação de qualquer produto a ser especificado, conforme anunciou o ministro de Economia, Roberto Lavagna, dois dias antes da reunião de cúpula do Mercosul, na Argentina.
De acordo com a Secretaria de Indústria local, a medida poderá ser suspensa a qualquer momento, caso as indústrias brasileira e argentina cheguem a um entendimento, a exemplo do que ocorreu com os fabricantes de refrigeradores e de fogões.
Para evitar a burocracia ao comércio, essas indústrias aceitaram as condições dos fabricantes argentinos e concordaram em limitar suas exportações a 90 mil unidades neste ano e a 47,5 mil unidades no primeiro semestre de 2005, no caso de fogões, e a 42,37 mil refrigeradores até o final de setembro, quando as reuniões recomeçam.
O Ministério do Desenvolvimento afirma que a medida argentina não significa o fim das negociações. "As negociações continuam", disse o ministro Luiz Fernando Furlan, por sua assessoria.
Depois de nove anos de déficits comerciais consecutivos com a Argentina, o Brasil soma atualmente um saldo positivo de US$ 1,15 bilhão. Por isso, setores da indústria do país vizinho começaram a pedir proteção ao governo, que atendeu a alguns fabricantes.
As exportações brasileiras de máquinas de lavar roupa para o mercado argentino aumentaram 176% neste ano, as de refrigeradores, 126% e as de fogões, 121%, de acordo com as empresas.
Além de fogões e refrigeradores, as indústrias de calçados e de têxteis chegaram a acordos neste ano para limitar as exportações brasileiras, a fim de evitar as travas comerciais. Mas ainda há riscos para os embarques brasileiros de máquinas agrícolas, suínos e móveis.
Também os brasileiros reclamam do aumentos das exportações argentinas de lácteos e de mistura para trigo. Todos esses setores devem se reunir neste ano para discutir a limitação do comércio, conforme prevê o comitê de monitoramento bilateral entre os dois países.


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