São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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País evitará levar caso para a OMC, diz Amorim

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, deixou claro ontem que o Brasil evitará levar as disputas comerciais com a Argentina para a OMC (Organização Mundial do Comércio).
"No caso das relações entre o Brasil e a Argentina isso deveria apenas ser usado como solução de último recurso", disse o ministro, em entrevista coletiva, no Itamaraty, em Brasília.
Ele disse, no entanto, que a Argentina precisa investir nos setores pouco competitivos. "Não se pode manter para sempre setores não-competitivos sem melhoras", disse Amorim.
A frase é uma indicação de que o Brasil não pode aceitar para sempre proteções para determinados setores argentinos que não têm condições de competir com as empresas brasileiras. Enfraquecido, os industrias argentinos pediram medidas de proteção ao governo local e foram parcialmente atendidos.
Os empresários de Brasil e Argentina conseguiram resolver pendências para os setores de geladeiras e fogões.
No caso de máquinas de lavar e televisões, no entanto, ainda não foi possível chegar a um acordo privado.
Amorim chegou a questionar se o país teria condições de sustentar tecnicamente um caso na OMC contra o seu vizinho. Segundo ele, as restrições às importações brasileiras são contra produtos da Zona Franca de Manaus.
De acordo com Amorim, existe um tratamento específico na OMC para produtos oriundos de zonas francas.
"Só se pode ir a OMC embasado tecnicamente", disse Amorim. "[Para entrar na OMC] há um problema político e um técnico." O político se refere às relações estratégicas com a Argentina e à possibilidade de as disputas comerciais contaminarem o avanço da integração no Mercosul.
"Queremos resolver pela negociação", disse Amorim. Até agora, as negociações entre os setores privados dos dois países, estimuladas pelos governos, têm sido a forma para tentar superar os impasses. Nas suas declarações, Amorim buscou defender os interesses dos empresários brasileiros, mas ao mesmo tempo enfatizou a importância de ser flexível com a Argentina.
Amorim disse que é preciso "ter flexibilidade e respeitar as sensibilidades" da Argentina, que passa por um processo de transição.


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