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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Prática de cartel continua no suco de laranja, diz Associtrus
Suspenso desde 2006, o processo que trata de suposto crime de cartel praticado por fabricantes de suco de laranja
que está na 9ª Vara Criminal da
Capital retomou seu curso neste mês por decisão do juiz Gláucio Roberto Brittes de Araújo,
segundo a Folha apurou.
Com a revogação da suspensão do processo, José Luis Cutrale, sócio-proprietário da Cutrale, fabricante de suco de laranja, reassume a condição de
réu no processo em que é acusado por crime de formação de
cartel. Se for condenado, estará
sujeito a uma pena de dois a
cinco anos de prisão.
O que motivou a retomada
do processo foi o fato de Cutrale estar sendo processado pela
Justiça Federal por posse ilegal
de armas de fogo em outra
ação. Armas e munições foram
encontradas em seu gabinete
durante cumprimento de mandado de busca e apreensão de
documentos em indústrias de
suco de laranja, na chamada
Operação Fanta, em 2006, por
policias federais e técnicos da
Secretaria de Direito Econômico. A SDE investiga essa suposta prática no setor há três anos.
Procurada pela Folha, a Cutrale não se manifestou.
Denúncias de produtores de
laranja levaram o Ministério
Público de São Paulo a iniciar
uma nova investigação no setor
neste ano. Citricultores paulistas afirmam em representação
feita ao Ministério Público que
as indústrias combinam preços
para a compra de laranja e fazem divisão de produtores
-quem vende a fruta para uma
indústria não vende para outra.
Flávio Viegas, presidente da
Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), afirmou
ontem que a prática de cartel
de fabricantes de suco ainda
continua. "Toda a política de
preços das indústrias é sincronizada, elas fazem alterações
de preços simultaneamente."
O custo da caixa de laranja de
40,8 quilos, segundo ele, varia
de R$ 14 a R$ 17 em São Paulo,
mas as indústrias estão pagando R$ 3,50 por caixa. "Por esse
preço, que mal cobre os custos
de colheita e frete, o citricultor
está doando a fruta à indústria
e assumindo os riscos trabalhistas e de acidentes na contratação do pessoal de colheita
e no transporte da fruta."
A recomendação da Associtrus, segundo Viegas, é que o
produtor deixe a fruta apodrecer no pomar, "pois, ao entregar a fruta por esse preço, estará fortalecendo ainda mais a
indústria e, consequentemente, enfraquecendo-se", afirma.
OUTRO LADO
Christian Lohbauer, diretor-presidente da CitrusBR
(Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), diz que o Brasil exporta 98% do suco de laranja que
produz. "Trata-se de uma commodity, com preço determinado pelo mercado internacional." Para ele, "desde
2001, o consumo mundial de suco de laranja caiu cerca de
17% devido à concorrência com outras bebidas. E, desde
2005, os estoques na Flórida, na Europa e no Brasil vêm
aumentando. O resultado é a queda no preço da laranja."
TÊNIS
As grandes marcas de calçados esportivos, como Nike, Adidas e Puma, vão usar um novo
argumento para tentar convencer o Decom (Departamento de
Defesa Comercial) a excluir os
modelos esportivos do processo contra dumping de calçados
da China. Na Argentina, uma
decisão deste mês retirou os
calçados de alta tecnologia e esportivos da investigação de
dumping contra a China que
está em curso no país.
NO PÉ
Cristian Corsi, presidente da
Nike e vice-presidente da Abramesp (associação que também
representa Puma, Adidas e
Asics no Brasil), vai apresentar
a decisão argentina ao governo
brasileiro. Ele já vem se reunindo com representantes do Decom, do Itamaraty e da Secex
para discutir o processo de
dumping. Essas marcas fabricam calçados esportivos de alta
tecnologia na China e vendem
no Brasil.
ESCALAÇÃO
O escritório de advocacia TozziniFreire criou neste mês
um grupo para prestar consultoria jurídica a empresas que
farão investimentos no Brasil para a Copa de 2014. Segundo
Antonio Felix de Araujo Cintra, sócio do TozziniFreire, os
trabalhos agora são de prospecção. O grupo está reunindo
em um banco de dados os principais projetos previstos para
a Copa. Entre os investidores mapeados, estão escritórios de
arquitetura, clubes de futebol, empresas de turismo e hotelaria. Para Cintra, o governo precisa definir que projetos serão incluídos no PAC da Copa para acelerar os negócios.
CONTRARIADO
Guido Mantega sai em férias contrariado com o "esquema de blindagem" montado em solidariedade à ex-secretária da Receita Lina Vieira. Mais uma ação deixou Mantega irritado: a publicação de um anúncio dos auditores
do Rio em apoio a Lina. Agora, eles temem alguma retaliação. Procurado pela Folha, Mantega não foi localizado.
QUEIXA TRABALHISTA
No primeiro semestre deste
ano, os processos trabalhistas
recebidos nas varas do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região (MG) somaram 114.842,
aumento de 14% ante igual período de 2008. Em junho, foram 19.771 processos ou 8,2%
mais do que em junho de 2008.
Levantamento do TRT de MG
mostra que há um maior número de processos em cidades que
têm setores mais atingidos pela
crise, como o sucroalcooleiro, o
de mineração e o de siderurgia.
NA PELE
A indústria de cosméticos
Mahogany, com 63 lojas, vai investir para ter 110 pontos de
venda até 2010 por meio de
franquias. Entre os franqueados, estão ex-diretores e executivos da Avon, da Natura e do
Boticário.
COBRANÇA
O presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo,
Miguel Torres, espera um aumento real maior nos salários
neste ano do que o obtido em
2008, de 2,6%. Um dos motivos
é que os sindicatos vão cobrar o
apoio dado aos empresários nas
negociações com o governo que
resultaram em medidas de desoneração tributária às empresas, como a redução do IPI.
"Queremos transformar a nossa participação em ganho real
de salário." A data-base da categoria é em novembro.
CRÉDITO
O Banco BMG vai anunciar
hoje um lucro líquido de R$ 176
milhões no primeiro semestre
deste ano. O valor representa
um crescimento de 17% em relação ao lucro registrado no
mesmo período de 2008.
com FÁTIMA FERNANDES, JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CLÁUDIA ROLLI
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