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Com Selic a 8,75%, poucos fundos batem a poupança
Apenas fundo com taxa de administração de 0,5% consegue superar caderneta
Estudo mostra que fundos
DI no varejo cobram taxa
de administração média de
1,49%; banco tem reduzido
aporte inicial de aplicações
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a redução da taxa Selic
para 8,75%, poucos fundos de
investimento conseguem ainda
superar o retorno oferecido pela caderneta de poupança.
Simulação feita tendo por base a taxa Selic em 8,75% mostra
que os fundos de renda fixa
(que pagam juros) conseguirão
bater a rentabilidade da poupança apenas se cobrarem taxa
de administração máxima de
0,5% -realidade praticamente
inexistente no varejo.
No caso de um fundo com taxa de administração de 1%, a
anterior Selic (de 9,25%) representava ganho mensal líquido
de 0,53%. Com a Selic a 8,75%,
a rentabilidade recua a 0,49%.
Já o retorno da poupança deve
descer para cerca de 0,51%.
Nesse cenário, apenas um fundo com taxa de administração
de 0,5% consegue retorno melhor, de 0,53%.
Para as simulações, feitas pelo economista José Dutra Vieira Sobrinho, foi considerada a
cobrança de 20% de IR.
"Se continuar no ritmo atual,
daqui a pouco todos os fundos
vão perder para a poupança.
Mas, se os clientes não começarem a reclamar ou mesmo sair
dos fundos, por que os bancos
irão se preocupar em reduzir a
taxa de administração?", questiona Vieira Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil.
Por enquanto, o que os grandes bancos privados têm feito é
reduzir o valor mínimo de entrada nos fundos. Dessa forma,
buscam ampliar as chances de
o cliente encontrar uma aplicação com taxa menor para o
montante de recursos que tem
para aplicar. Isso acontece porque os fundos que exigem
maiores aportes iniciais costumam cobrar taxas menores que
os que pedem aplicações iniciais mais modestas.
Se a Selic tivesse descido a
9%, fundos com taxa de administração de até 1% ainda empatariam com a poupança.
Mas a realidade do mercado
está distante de fundos com taxas tão baixas. Segundo a Anbid, a taxa de administração
média cobrada nos fundos DI
(que seguem a Selic) é de 1,49%
ao ano.
"Sempre nos preocupamos
em informar que há a possibilidade de o cliente aplicar em um
outro fundo, que pode estar
com taxa ou retorno melhor",
afirma Aquiles Mosca, estrategista do Santander Asset Management. "E a rentabilidade final dos fundos depende de vários fatores, como a composição da carteira, o tempo que a
aplicação é mantida e o tamanho da alíquota de IR", diz.
As alíquotas de IR dos fundos
variam de acordo com o tempo
que o investidor mantém sua
aplicação. Se for considerada
uma alíquota mais branda -caso de um investidor que mantenha a aplicação por mais de
dois anos e pague 15% de IR-, a
Selic de 8,75% permitiria que
um fundo com taxa de administração de 1% também batesse a
poupança, dando rentabilidade
mensal de 0,525%.
Quem resgata aplicações em
fundos em até seis meses paga a
alíquota máxima de IR, que é de
22,5%; para aplicações mantidas por mais de dois anos, o IR
cobrado recua para 15%.
Os fundos DI e de renda fixa,
após perderem recursos em junho, registraram captação líquida de R$ 2,59 bilhões nas
duas primeiras semanas deste
mês -enquanto a poupança
captou R$ 3,4 bilhões.
O governo anunciou projeto
de cobrar IR a partir de 2010
das cadernetas com saldo superior a R$ 50 mil para tentar evitar a fuga dos fundos de renda
fixa, que servem para financiar
a dívida pública. Anunciado em
13 de maio, o projeto até hoje
não foi enviado ao Congresso.
Outra medida em estudo pela
Fazenda é a de reduzir a taxação dos fundos, mas ela também ainda não saiu.
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