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EM TRANSE
Moeda dos Estados Unidos interrompe sequência de quedas e aumenta 2,11%, para R$ 3,145; risco-país sobe 1,4%
Empresas "caçam" dólar, que volta a subir
ANA PAULA RAGAZZI
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar interrompeu sua sequência de quedas e subiu 2,11%
ontem, para R$ 3,145.
Com a valorização, a moeda
passou a acumular alta de 0,64%
nesta semana. O risco Brasil, medido pelo banco JP Morgan, subiu
1,4%, para 1.903 pontos.
Não houve nenhuma notícia a
justificar a valorização do dólar
ontem, apenas uma procura pela
moeda maior do que a oferta. Segundo operadores, compras realizadas pela Eletropaulo teriam sido o principal motivo de pressão
na cotação.
A empresa tem US$ 225 milhões
em dívidas que estão vencendo.
No dia 5 de setembro, vencem outros US$ 30 milhões em dívidas da
empresa. A necessidade de quitar
parte desses vencimentos estaria
obrigando a Eletropaulo a comprar dólares. Na quarta-feira, outros US$ 120 milhões em dívidas
já haviam vencido.
O dólar chegou a ser negociado
a R$ 3,185 (alta de 3,4%). Isso levou o Banco Central a intervir no
mercado mais de uma vez.
O BC confirmou ontem que
vendeu dólares ao mercado. De
acordo com operadores, as vendas teriam ocorrido por pelo menos três vezes - uma vez no final
da manhã e duas à tarde, quando
o dólar bateu a sua cotação máxima no dia.
Sem notícias, a temperatura do
mercado cambial não deverá ter
forte alteração até a semana que
vem. Investidores aguardam os
resultados das próximas pesquisas, realizadas após o início do horário eleitoral gratuito.
O mercado espera também pelos resultados das conversas do
ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do BC, Armínio Fraga, com investidores estrangeiros nos Estados Unidos.
"Os investidores esperam que a
viagem do Malan e do Armínio
traga algum resultado positivo no
que se refere à retomada de pelo
menos parte das linhas externas
que foram cortadas", afirma o
economista do ABN-Amro Asset
Management, Aquiles Mosca.
Escassez
O maior problema do mercado
cambial é a escassez de moeda.
Com a instabilidade política do
país, por ser este um ano eleitoral
em que pesquisas de intenção de
voto apontam grandes chances de
a oposição vencer as eleições.
Agrada ao mercado a vitória de
um candidato do governo, que indicaria a manutenção da atual política econômica. Além disso,
cresceu a aversão mundial ao risco, após as notícias de que empresas americanas cometeram fraudes em seus balanços financeiros.
Com a falta de crédito, as empresas tiveram de comprar dólares para honrar dívidas que não
puderam ser roladas.
O mal-estar e as incertezas também fizeram com que crescesse a
procura dos investidores pelo ativo real - a necessidade de ter a
moeda norte-americana em mãos
provoca distorções, tal como o fato de a cotação do mercado à vista
estar acima da futura.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), o dólar para setembro fechou a R$ 3,127.
Grande parte dos analistas está
otimista em relação à possibilidade de Malan e Fraga terem sucesso em sua viagem. Mas há forte
cautela entre eles -há a avaliação
de que o máximo que eles poderiam conseguir seria estancar a
saída de recursos do país.
Segundo a Folha apurou, uma
boa parcela dessas linhas de crédito não voltará até a definição do
cenário eleitoral. Um economista
de um banco estrangeiro avalia
que o dinheiro que ingressava no
país via bancos internacionais de
pequeno e médio porte não voltará no curto prazo.
A análise é que essas instituições
não dimensionaram corretamente o risco Brasil. Como foram surpreendidos pela piora dos indicadores, demorarão a voltar.
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