São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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TRABALHO

Pesquisa mostra diferença de vencimentos para executivos "gordinhos"

Quilos a mais emagrecem salários

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Saber falar inglês fluentemente pode aumentar a remuneração dos executivos em até R$ 741,50 mensais, mas as gordurinhas a mais podem "emagrecer" o salário de um gerente em R$ 24,15 por mês. No caso das mulheres, a perda pode chegar a R$ 26,20, dependendo do número do manequim.
É o que mostra uma pesquisa feita pela empresa de recursos humanos Grupo Catho com 3.600 executivos em nível de gerência em todo o país. O objetivo foi identificar quanto valem em cifrões as qualidades que o mercado privilegia nos profissionais.
Os salários dos consultados, em entrevistas feitas em dezembro pela internet, variavam de R$ 4.000 a R$ 7.000. Dos pesquisados, 36% eram mulheres com idade média de 34 anos. Os homens tinham em média 37 anos.
A rejeição das empresas a profissionais obesos foi medida por meio do índice de massa corpórea, adotado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O índice é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado da pessoa. Se o resultado estiver entre 20 e 25, o peso é normal. Na faixa de 25 a 30, há sobrepeso. De 30 a 40, estão os obesos. Acima de 40, obesidade mórbida ou grave.
O estudo da Catho revelou que a cada 0,5 ponto a menos no índice de obesidade os gerentes ganham em média R$ 24,15 (homens) ou R$ 26,20 (mulheres) a mais.
"O mercado de trabalho discrimina os obesos, mas também discrimina os que não falam inglês ou os que não trabalharam no exterior", disse Thomas Case, presidente do grupo Catho. "Os mais magros mostram que se cuidam mais e, portanto, têm mais preocupação com o trabalho. As gordurinhas a mais estão associadas à disposição no trabalho."
Na opinião do advogado trabalhista Luis Carlos Moro, a dificuldade na falta de provas é o maior desafio para defender quem é discriminado por estar fora do peso. "Na hora de contratar ou dispensar, o empregador não tem de justificar porque tomou tal decisão." Ele defendeu um aeronauta, que pesava 115 quilos e ganhou na Justiça em 2001 uma ação contra uma empresa área. O profissional foi demitido por estar "fora dos padrões da empresa".
"Capacidade intelectual não tem a ver com balança, boa aparência, cor ou raça. Isso é preconceito", disse Maria da Penha Guimarães, que preside a comissão de assuntos antidiscriminação da OAB-São Paulo.


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