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TRABALHO
Pesquisa mostra diferença de vencimentos para executivos "gordinhos"
Quilos a mais emagrecem salários
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Saber falar inglês fluentemente
pode aumentar a remuneração
dos executivos em até R$ 741,50
mensais, mas as gordurinhas a
mais podem "emagrecer" o salário de um gerente em R$ 24,15 por
mês. No caso das mulheres, a perda pode chegar a R$ 26,20, dependendo do número do manequim.
É o que mostra uma pesquisa
feita pela empresa de recursos humanos Grupo Catho com 3.600
executivos em nível de gerência
em todo o país. O objetivo foi
identificar quanto valem em cifrões as qualidades que o mercado privilegia nos profissionais.
Os salários dos consultados, em
entrevistas feitas em dezembro
pela internet, variavam de R$
4.000 a R$ 7.000. Dos pesquisados, 36% eram mulheres com idade média de 34 anos. Os homens
tinham em média 37 anos.
A rejeição das empresas a profissionais obesos foi medida por
meio do índice de massa corpórea, adotado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O índice é calculado dividindo o peso
pela altura ao quadrado da pessoa. Se o resultado estiver entre 20
e 25, o peso é normal. Na faixa de
25 a 30, há sobrepeso. De 30 a 40,
estão os obesos. Acima de 40, obesidade mórbida ou grave.
O estudo da Catho revelou que a
cada 0,5 ponto a menos no índice
de obesidade os gerentes ganham
em média R$ 24,15 (homens) ou
R$ 26,20 (mulheres) a mais.
"O mercado de trabalho discrimina os obesos, mas também discrimina os que não falam inglês
ou os que não trabalharam no exterior", disse Thomas Case, presidente do grupo Catho. "Os mais
magros mostram que se cuidam
mais e, portanto, têm mais preocupação com o trabalho. As gordurinhas a mais estão associadas
à disposição no trabalho."
Na opinião do advogado trabalhista Luis Carlos Moro, a dificuldade na falta de provas é o maior
desafio para defender quem é discriminado por estar fora do peso.
"Na hora de contratar ou dispensar, o empregador não tem de justificar porque tomou tal decisão."
Ele defendeu um aeronauta, que
pesava 115 quilos e ganhou na Justiça em 2001 uma ação contra
uma empresa área. O profissional
foi demitido por estar "fora dos
padrões da empresa".
"Capacidade intelectual não
tem a ver com balança, boa aparência, cor ou raça. Isso é preconceito", disse Maria da Penha Guimarães, que preside a comissão
de assuntos antidiscriminação da OAB-São Paulo.
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