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SEGUNDA GERAÇÃO
Assessor do Departamento de Estado dos EUA diz que país já admite suavizar as políticas neoliberais
Consenso de Washington pode ser "humano"
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Face à crise econômica na América Latina, os EUA já admitem
suavizar e "humanizar" o "Consenso de Washington", expressão
que resume as medidas de ajuste
econômico que o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e o Bird
(Banco Mundial) recomendam a
países emergentes em troca de auxílio financeiro.
Dias antes de viajar ao Brasil e
ao Chile, Richard Haass, diretor
do escritório de Política e Planejamento do Departamento de Estado, declarou que os EUA estão
dispostos a "repensar" o Consenso de Washington com os países
da região, adicionando ao conceito "lições aprendidas na década
de 90."
"Tem havido muita crítica ao
tão falado Consenso de Washington. Se as pessoas pensam que sua
definição é inadequada ou muito
limitada, gostaria de saber o que
mais deveria fazer parte dele",
disse Haass numa conversa com
um grupo restrito de jornalistas.
"Se aprendemos lições nos últimos dez anos, o que são essas lições? Como podemos aplicá-las?
Quais outros tipos de reformas
deveríamos adicionar às reformas
macroeconômicas? Legais, políticas, sociais?"
Assessor direto do secretário de
Estado, Colin Powell, Haass é o
funcionário mais alto na hierarquia do Departamento de Estado
a visitar o Brasil durante o governo George W. Bush. Ele chega ao
país na segunda-feira, para uma
visita de três dias na qual se reunirá com o ministro Celso Lafer
(Relações Exteriores) e com assessores dos principais candidatos à presidência.
A possível revisão do Consenso
de Washington foi mencionada
espontaneamente por Haass.
"Não somos os únicos a ouvir
preocupações sobre o assunto. É
só olhar para a América Latina e
para outras partes do mundo. Governos e sociedades estão encontrando dificuldades. Em minha
própria visão, é cada vez mais claro que precisamos colocar fundações ou redes de proteção social
porque, inevitavelmente, economias e sociedades terão momentos de crise e de ascensão nessa
era de globalização."
Segundo ele, revisar o consenso
não significa abandonar as reformas de mercado, mas sim aperfeiçoar ajustes que devem ser feitos
nos países, garantindo proteção
aos desempregados e aos doentes.
"É importante que as pessoas não
percam confiança em democracia
ou reformas de mercado."
Haass disse que tem debatido o
tema frequentemente, dentro e
fora do governo. "Numa dessas
discussões, cheguei a mencionar
algumas idéias que iriam além da
definição restrita do consenso de
Washington. Vou conversar sobre elas com os brasileiros e chilenos."
A expressão "Consenso de Washington" foi criada em 1990 por
John Williamson, economista inglês radicado nos Estados Unidos.
Em recente entrevista à Folha,
Williamson afirmou que está estudando a revisão do conceito à
luz das reformas de mercado na
América Latina na década de 90.
O economista estaria elaborando
a "Segunda Geração do Consenso
de Washington", que teria apelo
maior para as questões sociais. O
economista quer completar as reformas da primeira geração do
Consenso de Washington, principalmente no mercado de trabalho
"Ainda há muitas restrições para que os trabalhadores do mercado
informal", disse.
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