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SAIBA MAIS
Receituário exigiu arrocho na AL
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista norte-americano
John Williamson criou o termo
"Consenso de Washington" em
1989, ano em que escreveria um
artigo no qual receitava um conjunto de políticas que, na sua avaliação, contribuiriam para o desenvolvimento dos países latino-americanos.
Não era apenas Williamson que
propugnava que se tratavam de
"políticas boas", mas também todas as instituições baseadas em
Washington, nos EUA: o Departamento do Tesouro norte-americano, a sede do Fed (banco central
dos EUA), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. Daí o nome "Consenso de
Washington".
A receita era, segundo o criador
do termo, simples e representava
o conjunto de idéias segundo as
quais já havia certa unanimidade
naquelas instituições e que dariam base a um maior crescimento e desenvolvimento econômico
na América Latina.
Em linhas gerais, a receita era:
acabar com os déficits públicos e
adotar a disciplina fiscal; concentrar os gastos públicos em saúde e
educação; fazer uma reforma tributária que permitisse diminuir
impostos; promover a abertura
comercial; liberalizar a conta de
capitais, ou seja, permitir a entrada e saída de recursos estrangeiros mais livremente, de forma a
facilitar o investimento direto estrangeiro; e privatização e desregulamentação econômica.
Durante toda a década de 90,
muitos países adotaram essas políticas -ou pelo menos implantaram parte delas. As baixas taxas
de crescimento e a persistência
dos altos níveis de pobreza e indigência em toda a região acabaram
frustrando as expectativas a respeito dos efeitos da reforma.
A frustração era ainda maior
porque a maioria das políticas exigira ajustes dolorosos: corte de gastos, falência de empresas nacionais, queda no emprego e crises externas que eram agravadas pela liberdade de capitais receitada pelo "Consenso".
Com o tempo, o "Consenso de Washington" virou sinônimo de
termos como "interesses norte-americanos", "neoliberalismo",
ou o mais recente, "fundamentalismo de mercado", do megainvestidor George Soros.
O repúdio ao termo e a algumas de suas políticas chegou a tal ponto que o próprio Williamson escreveu, em 2000, texto em que fazia uma espécie de mea culpa e tentava explicar os mal-entendidos que seu artigo do início da década havia criado. Mas era tarde demais, e o próprio autor já declarava a "morte do Consenso" e pedia um "pós-Consenso de Washington".
(MARCELO BILLI)
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