São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

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Para consultor, custo de fechar é "proibitivo"

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para fechar a unidade Anchieta, a Volkswagen teria que arcar com custos "quase proibitivos", nas palavras de consultores especializados na indústria automobilística. Ou seja, essa seria uma decisão a ser muito bem ponderada pela montadora.
Em primeiro lugar, está o montante a ser desembolsado para demitir os cerca de 12 mil trabalhadores da fábrica. A unidade, inaugurada oficialmente em 1959, abriga muitos funcionários com vários anos de casa, o que elevaria os custos demissionais.
Especialistas alertam ainda para o ônus que um fechamento como esse, de uma fábrica emblemática do setor no Brasil, poderia acarretar à imagem da Volkswagen com o consumidor do país.
"O barulho que os sindicatos fariam e a repercussão para o consumidor tornam o fechamento da unidade quase proibitivo", afirma Richard Dubois, diretor-associado da consultoria A.T. Kearney. "Faria mal à imagem da empresa, em um momento em que a Volkswagen ainda está recuperando suas margens no Brasil."
Por fim, a montadora estaria abrindo mão dos investimentos recentes que realizou na unidade Anchieta de 2000 para cá, de mais de R$ 2 bilhões, para a produção dos modelos Polo e Fox Europa.
Já há algum tempo, a montadora chegou à conclusão de que tem uma fábrica a mais no Brasil, ou seja, que há espaço para fechar uma das unidades. Na hora de escolher qual será fechada, a unidade de São Bernardo tem contra ela exatamente o fato de ter uma mão-de-obra mais cara e um sindicato muito mais organizado.
"Do jeito que o dólar está, desfavorável para exportações, a competitividade das unidades das montadoras localizadas no ABC e no Vale do Paraíba está muito apertada. É mais barato fazer carros fora do Estado de São Paulo e mais barato ainda fazer na Argentina, onde o custo de produção é de 20% a 30% menor", diz Dubois.
A favor, a unidade Anchieta tem a proximidade do porto de Santos, ou seja, boa logística para exportação.
A avaliação entre os consultores é que, teoricamente, as outras unidades da Volkswagen teriam capacidade suficiente para absorver a produção da Anchieta. No caso do Fox, por exemplo, a produção poderia ser transferida para a unidade do Paraná, onde o modelo é produzido, ou mesmo para a Argentina.
O impacto de um eventual fechamento dessa unidade sobre outras empresas de São Bernardo seria grande. "Para cada emprego direto gerado pela Volkswagen em São Bernardo, são de cinco a oito empregos indiretos", afirma o consultor especializado no setor André Beer.


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