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Para consultor, custo de fechar é "proibitivo"
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para fechar a unidade Anchieta, a Volkswagen teria
que arcar com custos "quase
proibitivos", nas palavras de
consultores especializados
na indústria automobilística.
Ou seja, essa seria uma decisão a ser muito bem ponderada pela montadora.
Em primeiro lugar, está o
montante a ser desembolsado para demitir os cerca de
12 mil trabalhadores da fábrica. A unidade, inaugurada
oficialmente em 1959, abriga
muitos funcionários com vários anos de casa, o que elevaria os custos demissionais.
Especialistas alertam ainda para o ônus que um fechamento como esse, de uma fábrica emblemática do setor
no Brasil, poderia acarretar à
imagem da Volkswagen com
o consumidor do país.
"O barulho que os sindicatos fariam e a repercussão
para o consumidor tornam o
fechamento da unidade quase proibitivo", afirma Richard Dubois, diretor-associado da consultoria A.T.
Kearney. "Faria mal à imagem da empresa, em um momento em que a Volkswagen
ainda está recuperando suas
margens no Brasil."
Por fim, a montadora estaria abrindo mão dos investimentos recentes que realizou na unidade Anchieta de
2000 para cá, de mais de R$ 2
bilhões, para a produção dos
modelos Polo e Fox Europa.
Já há algum tempo, a montadora chegou à conclusão de
que tem uma fábrica a mais
no Brasil, ou seja, que há espaço para fechar uma das
unidades. Na hora de escolher qual será fechada, a unidade de São Bernardo tem
contra ela exatamente o fato
de ter uma mão-de-obra
mais cara e um sindicato
muito mais organizado.
"Do jeito que o dólar está,
desfavorável para exportações, a competitividade das
unidades das montadoras localizadas no ABC e no Vale
do Paraíba está muito apertada. É mais barato fazer carros fora do Estado de São
Paulo e mais barato ainda fazer na Argentina, onde o custo de produção é de 20% a
30% menor", diz Dubois.
A favor, a unidade Anchieta tem a proximidade do porto de Santos, ou seja, boa logística para exportação.
A avaliação entre os consultores é que, teoricamente,
as outras unidades da Volkswagen teriam capacidade suficiente para absorver a produção da Anchieta. No caso
do Fox, por exemplo, a produção poderia ser transferida para a unidade do Paraná,
onde o modelo é produzido,
ou mesmo para a Argentina.
O impacto de um eventual
fechamento dessa unidade
sobre outras empresas de
São Bernardo seria grande.
"Para cada emprego direto
gerado pela Volkswagen em
São Bernardo, são de cinco a
oito empregos indiretos",
afirma o consultor especializado no setor André Beer.
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