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Costa usará lei de militares contra Anatel
Decreto permite supervisão de autarquias para que sigam política do governo; ministro contesta edital para internet sem fio
Objetivo é pressionar a
agência a modificar regras
de leilão e permitir quebra
de monopólio e participação
de empresa de telefonia fixa
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Hélio Costa (Comunicações) vai usar decreto-lei da época do regime militar
(200/1967, assinado pelo então
presidente Humberto Castello
Branco) para intervir na Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações). De acordo com o
ministro, o decreto ainda está
em vigor e garante aos ministros a supervisão em relação a
quaisquer autarquias, inclusive
agências reguladoras, para garantir que elas sigam a política
determinada pelo governo.
Costa, no entanto, sinalizou
que ainda espera que o conselho diretor da agência volte
atrás e acate as sugestões do
ministério para modificação no
edital para licitação de faixas de
freqüência para fornecimento
de acesso a internet em banda
larga sem fio. "O que nós estamos fazendo é tentar evitar de
todas as formas ter de fazer o
que todo mundo está chamando de intervenção", disse Costa.
O foco da disputa com a agência são as regras para a licitação
das faixas de freqüência de 3,5
GHz e 10,5 GHz (gigahertz). O
ministro quer que, caso a empresa vencedora do leilão para
uma determinada região não se
interesse em oferecer internet
em banda larga sem fio em uma
localidade (uma cidade do interior, por exemplo), o governo
possa quebrar o monopólio e
permitir que outra empresa
preste o serviço.
O edital prevê que a empresa
vencedora do leilão tenha exclusividade por cinco anos. A
empresa é obrigada a prestar o
serviço em municípios com
mais de 500 mil habitantes. Em
áreas de numeração (que têm o
mesmo código DDD) onde não
haja município desse tamanho,
a empresa será obrigada a atender um município menor.
Procurada por meio da assessoria de imprensa, a Anatel não
comentou as declarações.
Fixas
Além disso, o ministro quer
negociar uma forma de participação no leilão para concessionárias de telefonia fixa. A Anatel proibiu que as empresas
participem do leilão em suas
áreas de concessão, sob o argumento de que elas já oferecem
banda larga e é preciso estimular a competição.
Costa nega que esteja querendo beneficiar as teles. "Nós
não estamos aqui defendendo o
papel da telefonia fixa. Nós estamos defendendo as pequenas
cidades", disse. "Toda vez que
tomarem decisões técnicas
sem olhar o lado social, eu vou
intervir como ministro."
Segundo a Folha apurou,
dentro do governo há dúvidas
sobre se a portaria seria suficiente para reverter a decisão
da Anatel. Por essa avaliação, a
agência não está descumprindo políticas do governo pois
elas não estão estabelecidas.
Costa refuta esse argumento.
"Claro que existe a política, explicitada em todos os sentidos.
A política está definida em vários lugares", disse.
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