São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Com crise, FMI pode revisar expansão global, afirma Rato

Luiz Carlos Murauskas/ Folha Imagem
Rodrigo de Rato, do FMI, visita a ONG Cidade Escola Aprendiz


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A turbulência no mercado financeiro internacional pode fazer o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisar para baixo sua previsão atual de crescimento da economia mundial de 5% para 2007 e 2008, afirmou, em São Paulo, o diretor-gerente do organismo, o espanhol Rodrigo de Rato, que visitou a ONG Cidade Escola Aprendiz e a Escola Estadual Maximiliano Pereira dos Santos. Ele disse que, se ocorrer, tal redução não será "dramática". "É possível [que a projeção seja revisada]. Nós falamos há poucas semanas de um crescimento ao redor de 5%. A revisão poderia nos levar a um crescimento ligeiramente abaixo, que em todo caso continuaria sendo o sexto ano consecutivo de crescimento no mundo." Rato declarou também que as correções poderiam ser "muito pequenas" no caso de alguns países. Especificamente sobre o Brasil, o representante do Fundo declarou que o país está em boa situação. "Há dez anos, a crise de uma economia emergente como a Rússia afetou o Brasil de uma maneira considerável. Agora, uma crise financeira na primeira economia do mundo não está afetando o Brasil. Isso reflete os avanços em estabilidade macroeconômica do país." Sobre a possibilidade de o Brasil crescer menos por causa da crise financeira, ele afirmou que é muito cedo para saber. "[O país] tem um mercado de exportação muito diversificado, uma incrível estabilidade macroeconômica, então isso joga ao seu favor. Creio que a situação no Brasil pode ser considerada boa, inclusive depois dessa circunstância [a crise]."
Congresso da BM&F
Em Campos do Jordão (SP), na abertura do Congresso Internacional de Derivativos e Mercado Financeiro, da BM&F, Rato disse a uma platéia com representantes do setor, acadêmicos e economistas que o FMI havia alertado sobre a crise imobiliária dos EUA e sobre o excesso cometido pelos fundos de "private equity" nas fusões e aquisições.
"Faz tempo que o FMI advertiu sobre os riscos de liquidez e do perigo relacionado aos complexos instrumentos financeiros que nas últimas semanas se confirmaram (...) Mesmo assim, o mercado de hipotecas trouxe inegáveis avanços para os consumidores e abriu a possibilidade, para milhões de pessoas, de acesso à compra do imóvel e teve uma expansão que ainda não chegou à América Latina", argumentou.
Hoje, Rato se reunirá em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Guido Mantega (Fazenda). O presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, afirmou que os países emergentes correm o risco de pagar o preço da crise imobiliária americana, que deve dominar as discussões no congresso. "Não venham nos acusar de saber de antemão sobre a crise e ter feito o seminário para discuti-la." O presidente do BC, Henrique Meirelles, abriu o congresso afirmando que o Brasil está mais sólido do que nunca para enfrentar a turbulência no mercado, mas não negou que o país poderá sofrer com a crise.
Colaborou TONI SCIARRETTA , enviado a Campos do Jordão (SP)

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