São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Dívida pública federal cai pela 1ª vez no ano

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez desde janeiro, a dívida do governo federal foi reduzida. Em julho, havia R$ 1, 289 trilhão em títulos no mercado interno e externo, valor 2,7% menor que o endividamento de junho.
A queda na dívida foi resultado de compras de títulos feitas pelo Tesouro Nacional ao longo do mês no valor total de R$ 46,7 bilhões acima das emissões de papéis feitas nesse período.
De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras, a estratégia não foi influenciada pela piora na crise dos mercados financeiros mundiais.
"A instabilidade não está criando problemas para o gerenciamento da dívida pública. A expectativa continua sendo cumprir todas as bandas do PAF [Plano Anual de Financiamento]", disse Pedras.
De acordo com o PAF, a dívida do governo tem que chegar a dezembro num valor entre R$ 1,37 trilhão e R$ 1,45 trilhão.
No leilão realizado ontem, o Tesouro havia se oferecido para comprar títulos prefixados que estavam com investidores privados. Não houve negócio, porém, porque o mercado não quis se desfazer dos papéis. Para o governo, isso é sinal de confiança dos investidores.
O gerente de Política Monetária do Banco Itaú, Joel Bogdanski, não vê uma fuga para títulos de prazo mais curto e com taxas de juros que variam diariamente. "Houve um aumento nas taxas [cobradas nos títulos públicos], mas ninguém está mudando de prefixados para pós-fixados", diz o economista.
Como os títulos prefixados foram recomprados pelo governo, a parcela da dívida corrigida pela taxa diária de juros, a Selic, subiu de 34,06% da dívida total em junho para 35,35% no mês passado, enquanto aquela indexada aos índices de inflação passou de 23,88% para 24,91%.
Em compensação, o prazo médio dos títulos vendidos subiu e o custo da dívida caiu. Nos 12 meses encerrados em julho, o governo pagou juros médios de 13,47% ao ano, diante de 13,66% ao ano nos últimos 12 meses encerrados em junho. Isso ocorreu porque a instabilidade nos mercados só começou no final de julho.
Na avaliação de Bogdanski, a crise internacional não deverá afetar a capacidade de o Tesouro vender títulos, mas terá impacto nos juros cobrados.
Segundo o economista, o governo dificilmente voltará a vender títulos com vencimento em 2010 a taxas de juros de 10,15% ao ano. "Havia uma convergência a um otimismo exagerado. Essa crise voltou a lembrar ao mercado dos riscos que existem", diz.

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