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Dívida pública federal cai pela 1ª vez no ano
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela primeira vez desde janeiro, a dívida do governo federal foi reduzida. Em julho, havia
R$ 1, 289 trilhão em títulos no
mercado interno e externo, valor 2,7% menor que o endividamento de junho.
A queda na dívida foi resultado de compras de títulos feitas
pelo Tesouro Nacional ao longo
do mês no valor total de R$ 46,7
bilhões acima das emissões de
papéis feitas nesse período.
De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras,
a estratégia não foi influenciada pela piora na crise dos mercados financeiros mundiais.
"A instabilidade não está
criando problemas para o gerenciamento da dívida pública.
A expectativa continua sendo
cumprir todas as bandas do
PAF [Plano Anual de Financiamento]", disse Pedras.
De acordo com o PAF, a dívida do governo tem que chegar a
dezembro num valor entre R$
1,37 trilhão e R$ 1,45 trilhão.
No leilão realizado ontem, o
Tesouro havia se oferecido para comprar títulos prefixados
que estavam com investidores
privados. Não houve negócio,
porém, porque o mercado não
quis se desfazer dos papéis. Para o governo, isso é sinal de confiança dos investidores.
O gerente de Política Monetária do Banco Itaú, Joel Bogdanski, não vê uma fuga para títulos de prazo mais curto e com
taxas de juros que variam diariamente. "Houve um aumento
nas taxas [cobradas nos títulos
públicos], mas ninguém está
mudando de prefixados para
pós-fixados", diz o economista.
Como os títulos prefixados
foram recomprados pelo governo, a parcela da dívida corrigida
pela taxa diária de juros, a Selic,
subiu de 34,06% da dívida total
em junho para 35,35% no mês
passado, enquanto aquela indexada aos índices de inflação
passou de 23,88% para 24,91%.
Em compensação, o prazo
médio dos títulos vendidos subiu e o custo da dívida caiu. Nos
12 meses encerrados em julho,
o governo pagou juros médios
de 13,47% ao ano, diante de
13,66% ao ano nos últimos 12
meses encerrados em junho.
Isso ocorreu porque a instabilidade nos mercados só começou
no final de julho.
Na avaliação de Bogdanski, a
crise internacional não deverá
afetar a capacidade de o Tesouro vender títulos, mas terá impacto nos juros cobrados.
Segundo o economista, o governo dificilmente voltará a
vender títulos com vencimento
em 2010 a taxas de juros de
10,15% ao ano. "Havia uma convergência a um otimismo exagerado. Essa crise voltou a lembrar ao mercado dos riscos que
existem", diz.
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