São Paulo, sábado, 23 de agosto de 2008

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BC dos EUA vê moderação na inflação nos próximos meses

Presidente do Fed afirma que queda nos preços das commodities é "animadora"

Bernanke sinaliza ainda que juros devem ser mantidos em 2%, com o objetivo de estimular o crescimento dos EUA; Dow Jones sobe 1,73%


Manuel Balce Ceneta-10.jul.08/Associated
O presidente do BC norte-americano, Ben Bernanke

DA REDAÇÃO

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, afirmou que há sinais "animadores" de que a inflação se desacelerará no final deste ano e em 2009. Ele sinalizou ainda que a entidade manterá a taxa de juros básica, que está no seu nível mais baixo desde o final de 2004, em 2%.
"O recente declínio nos preços das commodities, assim como a crescente estabilidade do dólar, tem sido animador. Caso não sejam revertidos, esses desenvolvimentos, ao lado do ritmo de crescimento -que deve ficar abaixo do seu potencial por um período-, deverão levar a inflação a se moderar no final deste ano ano e em 2009", afirmou Bernanke, que participa do seminário anual do Fed, em Jackson Hole (Wyoming).
Ele disse que, apesar das pressões inflacionárias, o Fed deve manter sua política de juros baixos, buscando estimular o crescimento da economia americana. "Essa estratégia está condicionada na nossa expectativa de que os preços do petróleo e de outras commodities vão se estabilizar, em parte como resultado da desaceleração do crescimento global."
Depois de atingir o seu pico, no começo do mês passado, de US$ 145,29, a cotação do barril de petróleo recuou aproximadamente US$ 30. Na comparação com o mesmo período do ano passado, porém, a valorização é de cerca de 65%.
No entanto, mesmo com o recente recuo, Bernanke, cujo discurso animou as Bolsas dos EUA (o Dow Jones subiu 1,73%), afirmou que o cenário para a inflação continua "altamente incerto", devido, entre outros motivos, à dificuldade em prever o futuro dos preços das commodities. Segundo ele, o Fed continuará a "monitorar de perto a inflação e as expectativas de inflação".
Uma das preocupações do Fed é que a inflação de combustíveis e alimentos se dissemine para outros itens, o que corroeria ainda mais o poder de compra dos consumidores -responsáveis por cerca de 70% do PIB dos EUA. No acumulado de 12 meses até julho, a alta do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) foi a maior em 17 anos, e a dos preços ao produtor (PPI) atingiu o seu maior nível em 27 anos.
Uma das dificuldades enfrentadas pelo Fed é que, ao mesmo tempo em que precisa combater o aumento dos preços, a economia americana está crescendo abaixo do seu potencial, o que dificulta o aumento dos juros. O BC dos EUA reduziu os juros sete vezes seguidas (de 5,25% para 2%, de setembro de 2007 a abril deste ano), visando exatamente estimular o avanço do PIB.
No segundo trimestre, o PIB americano cresceu 1,9%, e a expectativa é que a revisão da semana que vem aponte um avanço de entre 2,5% e 3%, devido ao aumento das exportações. Porém, no último trimestre de 2007, a principal economia mundial se contraiu pela primeira vez desde 2001.


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