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Banco público diminui mais os juros
Diferença de taxas médias de bancos públicos para privados chega a 14 pontos percentuais, ante 9,8 no início da crise, diz estudo da Fiesp
Instituições controladas pelo
Estado têm mais crédito
consignado e custo menor
para a captação de recursos,
o que ajuda a reduzir taxas
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com a agressividade dos
bancos públicos no crédito durante a crise, a diferença entre
as taxas de juros dos bancos
privados e as das instituições
do governo quase triplicou nos
empréstimos a empresas.
Em junho, os juros médios
nas instituições públicas foram
sete pontos percentuais mais
baixos que os dos bancos privados nas linhas para pessoas jurídicas. Quando a crise chegou
ao Brasil, em outubro de 2008,
a diferença entre as instituições era de 2,4 pontos.
Considerando o crédito tanto para as pessoas físicas quanto para as jurídicas, o descompasso foi de 14,1 pontos percentuais em junho. Em outubro, a
diferença estava em 9,8 pontos.
A conclusão integra estudo
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
baseado em dados do Banco
Central, que compara as taxas
do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal com as dos
cinco principais bancos privados do país, segundo a participação nas operações de crédito
e no arrendamento mercantil.
Segundo o estudo, entre outubro de 2008 e junho deste
ano, os bancos públicos reduziram seus juros médios anuais
para empresas e pessoas físicas
em 8,5 pontos percentuais (de
37,5% para 29%). Os privados
cortaram as taxas em 4,2 pontos (de 47,3% para 43,1%).
A diferença nas taxas de juros
em linhas destinadas exclusivamente a pessoas físicas não
foi pesquisada pela entidade
nesse levantamento.
Pressão sem efetividade
Segundo a Fiesp, a pressão do
governo para elevar a competitividade entre os bancos não foi
efetiva para reduzir juros e
"spreads" nas instituições privadas. "Spread" é a diferença
entre o que as instituições pagam para captar recursos e o
que cobram dos clientes.
Paulo Skaf, presidente da entidade, afirma que os bancos
privados não acompanharam o
movimento de redução de juros
iniciado pelas instituições do
governo, mas argumenta que os
bancos privados serão forçados
a rever as suas políticas de crédito em razão da diferença
acentuada entre as taxas.
Segundo ele, pequenos e médios empresários ligados à
Fiesp começam a deixar os
bancos privados e a migrar para
instituições do governo. "Aumentou, sim, o interesse por
bancos oficiais", afirma.
De acordo com o estudo, se
tivessem pedido os recursos só
nas instituições privadas, todas
as empresas que tomaram empréstimos no país de outubro a
junho teriam pago, juntas, R$
7,2 bilhões a mais em despesas
com juros do que se tivessem
tomado emprestado só do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal.
Diferença de perfil
O economista João Augusto
Salles, da consultoria Lopes Filho, observa que a carteira de
crédito dos bancos públicos e a
dos privados têm características distintas, o que permite que
as instituições do governo tenham taxas mais baixas.
Salles diz que a expressiva
participação das linhas de crédito consignado (em que as
parcelas são descontadas na folha de pagamento do cliente)
na carteira dos bancos públicos
diminui o risco dos empréstimos. E isso contribui para que,
na média, as taxas nessas instituições sejam menores.
Luís Miguel Santacreu, da
consultoria Austin Rating,
acrescenta que o custo de captação dos bancos públicos é
menor, o que facilita a redução
dos juros. "Na prática, bancos
públicos já poderiam ter juros
menores há um bom tempo."
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