São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diferenças entre bancos devem diminuir, preveem analistas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O atual descompasso entre as políticas de juros dos bancos públicos e dos privados tende a se abrandar ao longo do segundo semestre, segundo analistas de mercado. Os especialistas divergem, no entanto, sobre o lado para o qual o mercado deve pender nos próximos meses.
João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, afirma que a inadimplência atingirá os níveis mais altos do ano no terceiro trimestre, o que obrigará o governo a rever a agressividade na concessão de crédito.
"Vai haver um momento em que os bancos públicos terão de ampliar os "spreads". Ou o lucro cairá muito e acontecerá o que aconteceu com a Caixa Econômica Federal", afirma.
A Caixa registrou lucro líquido de R$ 1,158 bilhão de janeiro a junho deste ano, o que significou queda de 54,5% em relação ao mesmo período de 2008.
Salles destaca que, embora a diferença entre as taxas dos maiores bancos privados e as dos dois principais bancos federais tenha se acentuado, bancos médios começaram a diminuir taxas para atrair clientes. "Os bancos pequenos e médios oferecem diferenciais para estreitar o relacionamento com pequenas e médias empresas."
Luís Miguel Santacreu, economista da consultoria Austin Rating, prevê que as taxas de juros cobradas pelas instituições públicas e privadas se aproximem no segundo semestre. Para ele, será o retorno do crescimento da economia que aproximará de novo as taxas, e não a pressão da concorrência exercida pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil,
"Quando a economia crescer, os bancos privados ficarão mais confortáveis para retirar a gordura que adicionaram ao "spread'", diz o economista.
Santacreu lembra que, antes do recrudescimento da crise, a diferença não era proeminente.
"Historicamente não existia essa distorção. Os bancos privados ficaram mais reativos porque a taxa de risco subiu", afirma Santacreu, destacando o aumento da inadimplência em meio ao cenário recessivo.
Ricardo Carneiro, economista da Unicamp, também afirma que as taxas devem se aproximar, mas diz que serão as instituições privadas a abaixar o "spread". "Os bancos privados serão forçados a abaixar as margens, sob pena de perderem fatias de mercado."
Para ele, as facilidades criadas pelos bancos públicos para os clientes terem acesso ao crédito não significam necessariamente um risco maior de inadimplência. Segundo ele, são os juros elevados que ampliam os índices de não pagamento. "Quando estão muito altos, os que têm bons projetos e os bons pagadores caem fora." (VF)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Crédito privado é o que mais cresce sob Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.