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Diferenças entre bancos devem diminuir, preveem analistas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O atual descompasso entre as
políticas de juros dos bancos
públicos e dos privados tende a
se abrandar ao longo do segundo semestre, segundo analistas
de mercado. Os especialistas
divergem, no entanto, sobre o
lado para o qual o mercado deve pender nos próximos meses.
João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, afirma
que a inadimplência atingirá os
níveis mais altos do ano no terceiro trimestre, o que obrigará
o governo a rever a agressividade na concessão de crédito.
"Vai haver um momento em
que os bancos públicos terão de
ampliar os "spreads". Ou o lucro
cairá muito e acontecerá o que
aconteceu com a Caixa Econômica Federal", afirma.
A Caixa registrou lucro líquido de R$ 1,158 bilhão de janeiro
a junho deste ano, o que significou queda de 54,5% em relação
ao mesmo período de 2008.
Salles destaca que, embora a
diferença entre as taxas dos
maiores bancos privados e as
dos dois principais bancos federais tenha se acentuado, bancos médios começaram a diminuir taxas para atrair clientes.
"Os bancos pequenos e médios
oferecem diferenciais para estreitar o relacionamento com
pequenas e médias empresas."
Luís Miguel Santacreu, economista da consultoria Austin
Rating, prevê que as taxas de juros cobradas pelas instituições
públicas e privadas se aproximem no segundo semestre. Para ele, será o retorno do crescimento da economia que aproximará de novo as taxas, e não a
pressão da concorrência exercida pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil,
"Quando a economia crescer,
os bancos privados ficarão mais
confortáveis para retirar a gordura que adicionaram ao
"spread'", diz o economista.
Santacreu lembra que, antes
do recrudescimento da crise, a
diferença não era proeminente.
"Historicamente não existia
essa distorção. Os bancos privados ficaram mais reativos
porque a taxa de risco subiu",
afirma Santacreu, destacando o
aumento da inadimplência em
meio ao cenário recessivo.
Ricardo Carneiro, economista da Unicamp, também afirma
que as taxas devem se aproximar, mas diz que serão as instituições privadas a abaixar o
"spread". "Os bancos privados
serão forçados a abaixar as
margens, sob pena de perderem fatias de mercado."
Para ele, as facilidades criadas pelos bancos públicos para
os clientes terem acesso ao crédito não significam necessariamente um risco maior de inadimplência. Segundo ele, são os
juros elevados que ampliam os
índices de não pagamento.
"Quando estão muito altos, os
que têm bons projetos e os bons
pagadores caem fora."
(VF)
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