São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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ESCÂNDALO

Novo relatório aponta valor adicional para dívidas escondidas no balanço da empresa de energia dos EUA

Fraude contábil na Enron pode ser maior

David J.Phillip - 18.set.02/ Associated Press
Depósito com computadores e monitores que eram da Enron e que serão leiloados nesta semana


DA REDAÇÃO

Um novo relatório, concluído por investigadores federais na sexta-feira, indica que a gigante norte-americana de energia Enron, concordatária desde 2001, criou uma série de parcerias com outras empresas e bancos que permitiram manipular repetidamente seu balanço financeiro e esconder débitos de até US$ 25 bilhões nos últimos dois anos.
A descoberta pode abater a credibilidade dos bancos envolvidos na suposta operação, com repercussão na Bolsa de Valores.
Investigações preliminares já indicavam a proximidade de bancos e empresas na fraude contábil da Enron, que teria escondido um rombo de cerca de US$ 14 bilhões. O novo documento, porém, aponta que a fraude pode ter tido uma participação maior das instituições financeiras e sugere que o rombo pode ter sido 78% maior.
Pelo relatório, a Enron, com a ajuda de sua ex-auditora, a Arthur Andersen, criou uma série de complicadas transações financeiras que permitiram tratar empréstimos tomados como se fossem vendas efetuadas. No final, o lucro e a rentabilidade da companhia foram inflados artificialmente, e as dívidas, escondidas.
Segundo o jornal "New York Times", a investigação indica que ex-executivos da Enron, contadores, instituições financeiras e escritórios de advocacia foram responsáveis pelo colapso da empresa, mesmo que indiretamente. Todos ficam passíveis de condenação judicial, que pode determinar indenização de bilhões de dólares aos lesados pela Enron.
A operação funcionava como um dominó. Se uma pedra fosse derrubada, todas cairiam. Por isso as companhias teriam se envolvido na operação fraudulenta. De acordo com o jornal norte-americano, grandes bancos davam suporte à operação.
Entre eles, o Barclays, o FleetBoston e o Credit Suisse First Boston. Representantes das instituições foram procurados, mas não quiseram fazer comentários sobre o teor do documento.
Segundo o relatório, a Enron chegou a vender ações para outras empresas, mas manteve o controle sobre os papéis -eram apenas operações fictícias.

Com agências internacionais

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