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MERCADO FINANCEIRO
Executivos acreditam que a Bolsa tende a cair e o dólar, subir; "efeito Lula" ainda não foi absorvido
Resultado de pesquisa deve elevar tensão
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Executivos do mercado financeiro afirmam temer o comportamento dos mercados na reabertura dos negócios hoje, em razão
dos resultados desfavoráveis ao (PSDB), na pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana.
Além das eleições, o cenário externo negativo continua a preocupar.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
subiu quatro pontos percentuais
na pesquisa e está com 44% das
intenções de voto para presidente.
Seus adversários somam 48%. José Serra (PSDB) caiu dois pontos,
está com 19% e lidera em rejeição.
O tucano está no limite do empate técnico com Anthony Garotinho. O candidato do PSB tem
15% e está, por sua vez, tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PPS), com 13%.
Analistas dizem que o dólar deve subir e a Bolsa, cair. O "efeito
Lula" ainda não teria sido completamente embutido nos preços.
"Será uma ducha de água fria no
mercado. Não sei quanto o dólar
sobe, se explode agora. Quanto
mais caro, menor o poder de remessa", diz Pedro Thomazoni, diretor do Lloyds TSB.
Serra é o candidato do mercado
que o identifica com a continuidade da atual política econômica.
"Se o mercado acreditar na vitória do Lula", afirma Thomazoni.
"Porque o investidor estrangeiro
acha que Serra se recupera."
Analistas dizem que Lula não
tem credibilidade com investidores estrangeiros e que, se vencer, o
país enfrentará um difícil teste.
Catástrofe
"Será uma catástrofe [hoje, em
razão dos resultados do Datafolha"", diz Luiz Antônio Vaz das
Neves, diretor da corretora Planner. "O câmbio vai tentar subir, e
a Bolsa vai cair."
Para Vaz das Neves, um limite
para o dólar pode ser a "resistência do câmbio argentino. A cotação de R$ 3,60 seria razoável, pois
o câmbio no Brasil não pode ficar
mais alto que no país vizinho,
com aquele caos".
A cotação do dólar na Argentina
era de 3,61 pesos no fechamento
de sexta-feira.
"Pode soar irracional, mas é como o mercado pensa", diz.
Para ele, a recuperação dos ativos na sexta-feira foi "muito frágil
e veio muito mais pela pequena
melhora em Wall Street".
A semana será de volatilidade
alta, com possível influência do
dólar sobre a Bolsa, segundo Gregório Rodriguez, da Socopa.
O Banco Central anunciou que
não vai rolar os vencimentos de
quarta-feira (US$ 1,516 bilhão) da
dívida pública atrelada ao dólar.
Analistas avaliam que era melhor não rolar os vencimentos a
pagar as altas taxas que o mercado exigia. Na sexta-feira, o FRA
(Forward Rate Agreement, que
melhor mede o cupom cambial)
fechou a 41% ao ano, depois de
chegar perto de 50%.
Para Vaz das Neves, porém, o
anúncio do BC foi desnecessário.
"Não há leilões de linha. Não
precisava avisar que não vão rolar. Parece terrorismo [para fomentar medo da candidatura Lula", como quando disseram que o
país viraria uma Argentina."
Estados Unidos
O mercado aguarda resultados
de lucros de empresas norte-americanas no terceiro trimestre. Na
agenda, entre outros índices, estão o dos indicadores-líderes e de
confiança do consumidor.
"A economia dos EUA está devagar. As Bolsas vão mal. Se caírem mais, aumenta a escassez de
recursos e fica faltando dólar no
mercado, lá também", diz Thomazoni, do Lloyds TSB.
Analistas esperam manutenção
da taxa básica de juros em 1,75%,
na reunião do Federal Reserve (o
banco central dos EUA) amanhã.
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