São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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APOSENTADORIA

Fundos de pensão, principalmente de empresas privadas, transferem gestão de patrimônio para seguradoras

Fundo privado migra para previdência aberta

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas estão transformando seus fundos de pensão em planos de previdência aberta. A tendência é incipiente, mas seguradoras e consultorias do ramo afirmam que a migração é inexorável e atingirá, principalmente, fundos de empresas privadas. Aços Villares, Avaya, Becton Dickinson, Caemi e PLP são algumas companhias que fizeram a mudança ou estão em fase de transição.
"Acredito que em cinco anos cerca de 30% do patrimônio das fundações terá sido transferido para fundos abertos, especialmente os PGBLs [Planos Geradores de Benefício Livre"", diz Renato Russo, vice-presidente da Sul América.
Atualmente, as fundações têm um patrimônio de aproximadamente R$ 172 bilhões, divididos entre 349 empresas. Já as empresas de previdência aberta administram cerca de R$ 26 bilhões.
Ao fazer a migração, explica Geraldo Magela, vice-presidente da Cigna Previdência e Investimentos, a empresa transfere o risco atuarial e de gestão para a seguradora contratada. A principal função da companhia passa a ser de contribuinte do plano aberto.
Para o participante, os direitos ficam assegurados, pois a SPC (Secretária de Previdência Complementar) não admite a perda de benefícios e direitos em caso de migração. Dependendo do contrato, os participantes também podem ganhar mais flexibilidade para aplicar e resgatar os recursos.
Segundo Mauro Machado Pereira, da consultoria Mercer, a legislação das fundações tem ficado cada vez mais rígida e complexa e exigido maior transparência do administrador. "Isso é muito bom para os participantes, mas para a empresa patrocinadora implica um maior conhecimento em previdência e despesas adicionais."
Com a migração, os administradores das fundações também se livram de um peso. Atualmente, a responsabilidade deles é muito maior do que no passado. Caso infrinjam alguma norma ou errem na gestão, podem vir a responder cível e criminalmente pelo ato e perder os bens pessoais.
As seguradoras dizem também que a migração diminui os gastos com administração para as pequenas e médias fundações. Segundo estudo feito pelo SPC, isso não é verdade. Cláudio Guerra, analista do órgão, diz que um fundo de pensão com patrimônio inicial de R$ 15 milhões e aportes mensais de R$ 1 milhão passa a ser mais vantajoso que um PGBL a partir do sexto ano de operação.
"Como os fundos são de longo prazo, esses seis anos não são nada diante da economia futura", diz Guerra. Se aumentar o patrimônio líquido inicial para R$ 30 milhões, o custo do fundo fechado já é menor do que o do aberto desde o primeiro ano.
Há fundações que estão optando por entrar nos chamados fundos multipatrocinados que, sob a administração central de uma seguradora, congrega vários fundos de pensão. Júlio Cesar Felipe, vice-presidente da Canadá Life, diz que a responsabilidade civil e criminal não muda, mas os custos administrativos para a patrocinadora caem, pois são diluídos entre os participantes.


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