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APOSENTADORIA
Fundos de pensão, principalmente de empresas privadas, transferem gestão de patrimônio para seguradoras
Fundo privado migra para previdência aberta
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas estão transformando
seus fundos de pensão em planos
de previdência aberta. A tendência é incipiente, mas seguradoras
e consultorias do ramo afirmam
que a migração é inexorável e
atingirá, principalmente, fundos
de empresas privadas. Aços Villares, Avaya, Becton Dickinson,
Caemi e PLP são algumas companhias que fizeram a mudança ou
estão em fase de transição.
"Acredito que em cinco anos
cerca de 30% do patrimônio das
fundações terá sido transferido
para fundos abertos, especialmente os PGBLs [Planos Geradores de Benefício Livre"", diz Renato Russo, vice-presidente da Sul
América.
Atualmente, as fundações têm
um patrimônio de aproximadamente R$ 172 bilhões, divididos
entre 349 empresas. Já as empresas de previdência aberta administram cerca de R$ 26 bilhões.
Ao fazer a migração, explica Geraldo Magela, vice-presidente da
Cigna Previdência e Investimentos, a empresa transfere o risco
atuarial e de gestão para a seguradora contratada. A principal função da companhia passa a ser de
contribuinte do plano aberto.
Para o participante, os direitos
ficam assegurados, pois a SPC
(Secretária de Previdência Complementar) não admite a perda de
benefícios e direitos em caso de
migração. Dependendo do contrato, os participantes também
podem ganhar mais flexibilidade
para aplicar e resgatar os recursos.
Segundo Mauro Machado Pereira, da consultoria Mercer, a legislação das fundações tem ficado
cada vez mais rígida e complexa e
exigido maior transparência do
administrador. "Isso é muito bom
para os participantes, mas para a
empresa patrocinadora implica
um maior conhecimento em previdência e despesas adicionais."
Com a migração, os administradores das fundações também se
livram de um peso. Atualmente, a
responsabilidade deles é muito
maior do que no passado. Caso
infrinjam alguma norma ou errem na gestão, podem vir a responder cível e criminalmente pelo ato e perder os bens pessoais.
As seguradoras dizem também
que a migração diminui os gastos
com administração para as pequenas e médias fundações. Segundo estudo feito pelo SPC, isso
não é verdade. Cláudio Guerra,
analista do órgão, diz que um fundo de pensão com patrimônio inicial de R$ 15 milhões e aportes
mensais de R$ 1 milhão passa a
ser mais vantajoso que um PGBL
a partir do sexto ano de operação.
"Como os fundos são de longo
prazo, esses seis anos não são nada diante da economia futura",
diz Guerra. Se aumentar o patrimônio líquido inicial para R$ 30
milhões, o custo do fundo fechado já é menor do que o do aberto
desde o primeiro ano.
Há fundações que estão optando por entrar nos chamados fundos multipatrocinados que, sob a
administração central de uma seguradora, congrega vários fundos
de pensão. Júlio Cesar Felipe, vice-presidente da Canadá Life, diz
que a responsabilidade civil e criminal não muda, mas os custos
administrativos para a patrocinadora caem, pois são diluídos entre
os participantes.
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