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ORTODOXIA
Fundo sugere à União Européia proposta que governo brasileiro defende
FMI pede aperto maior na expansão
DA REDAÇÃO
O FMI (Fundo Monetário Internacional) recomendou ontem
que os países da zona do euro
adotem um aperto fiscal maior
em fases de expansão econômica.
Em teleconferência para apresentar parte do relatório "Perspectivas para a Economia Mundial 2004", cuja íntegra será divulgada na próxima semana, o Fundo elogiou a proposta da Comissão Européia de procurar flexibilizar o Pacto de Estabilidade e
Crescimento, que disciplina a política fiscal da região, mas se limitou a dizer que "se discute o que
fazer em épocas de crise".
Um mecanismo para permitir
um esforço fiscal maior em anos
de crescimento e menor em períodos de menor atividade chegou a ser defendido pelo governo
brasileiro neste ano -foi chamada de "superávit anticíclico".
O braço executivo da UE, porém, sinalizara no início do mês
apenas flexibilizar a regra que limita a 3% do PIB o déficit fiscal de
um país da zona do euro, sem
mencionar como proceder em
períodos de crescimento.
"Considerando que hoje há
uma tendência para um alívio fiscal [pelos países da zona do euro]
em tempos de crise e de expansão,
existe um viés para o aumento do
déficit e da dívida a longo prazo. É
importante para esses países romper com esse círculo vicioso, e a
prioridade na reforma do Pacto
de Estabilidade deveria ser reforçar o aperto fiscal em períodos de
crescimento", declarou Raghuram Rajan, diretor do Departamento de Pesquisas do Fundo.
Em outro estudo do relatório, o
FMI descreveu que a adoção de
um regime de câmbio flexível nos
anos 90 por emergentes foi acompanhada pelo fortalecimento dos
modelos de política fiscal e monetária, atenuando eventuais instabilidades econômicas.
O estudo analisou três casos, de
Brasil, Chile e Índia, e descreveu
que a melhoria no campo fiscal e
monetário ajudou a diminuir os
efeitos de custos potenciais com o
câmbio flexível em relação à inflação e ao balanço de pagamentos.
Sobre o Brasil, o Fundo lembrou que o país foi forçado a mudar o regime de câmbio em meio
à crise, em 1999, mas destacou
que "a rápida adoção das metas
de inflação ajudou a conter expectativas inflacionárias".
Ressaltou também que, para influenciar as expectativas, o Banco
Central elevou a transparência de
suas decisões.
Rajan aproveitou a questão para
destacar a recomendação do Fundo para que a China flexibilize seu
regime cambial -sua moeda, o
yuan, está artificialmente desvalorizada em relação ao dólar.
(MARCELO SAKATE)
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