São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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ORTODOXIA

Fundo sugere à União Européia proposta que governo brasileiro defende

FMI pede aperto maior na expansão

DA REDAÇÃO

O FMI (Fundo Monetário Internacional) recomendou ontem que os países da zona do euro adotem um aperto fiscal maior em fases de expansão econômica.
Em teleconferência para apresentar parte do relatório "Perspectivas para a Economia Mundial 2004", cuja íntegra será divulgada na próxima semana, o Fundo elogiou a proposta da Comissão Européia de procurar flexibilizar o Pacto de Estabilidade e Crescimento, que disciplina a política fiscal da região, mas se limitou a dizer que "se discute o que fazer em épocas de crise".
Um mecanismo para permitir um esforço fiscal maior em anos de crescimento e menor em períodos de menor atividade chegou a ser defendido pelo governo brasileiro neste ano -foi chamada de "superávit anticíclico".
O braço executivo da UE, porém, sinalizara no início do mês apenas flexibilizar a regra que limita a 3% do PIB o déficit fiscal de um país da zona do euro, sem mencionar como proceder em períodos de crescimento.
"Considerando que hoje há uma tendência para um alívio fiscal [pelos países da zona do euro] em tempos de crise e de expansão, existe um viés para o aumento do déficit e da dívida a longo prazo. É importante para esses países romper com esse círculo vicioso, e a prioridade na reforma do Pacto de Estabilidade deveria ser reforçar o aperto fiscal em períodos de crescimento", declarou Raghuram Rajan, diretor do Departamento de Pesquisas do Fundo.
Em outro estudo do relatório, o FMI descreveu que a adoção de um regime de câmbio flexível nos anos 90 por emergentes foi acompanhada pelo fortalecimento dos modelos de política fiscal e monetária, atenuando eventuais instabilidades econômicas.
O estudo analisou três casos, de Brasil, Chile e Índia, e descreveu que a melhoria no campo fiscal e monetário ajudou a diminuir os efeitos de custos potenciais com o câmbio flexível em relação à inflação e ao balanço de pagamentos.
Sobre o Brasil, o Fundo lembrou que o país foi forçado a mudar o regime de câmbio em meio à crise, em 1999, mas destacou que "a rápida adoção das metas de inflação ajudou a conter expectativas inflacionárias".
Ressaltou também que, para influenciar as expectativas, o Banco Central elevou a transparência de suas decisões.
Rajan aproveitou a questão para destacar a recomendação do Fundo para que a China flexibilize seu regime cambial -sua moeda, o yuan, está artificialmente desvalorizada em relação ao dólar.
(MARCELO SAKATE)


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