São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Após reunião com representante do TRT, grevistas se comprometem a manter em funcionamento algumas atividades

Bancários devem manter serviços essenciais

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em greve há nove dias, os bancários se comprometeram ontem a manter o funcionamento de serviços essenciais no setor após se reunirem com o vice-presidente judicial do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, o juiz Pedro Paulo Teixeira Manus.
A reunião ocorreu após o Ministério Público do Trabalho de São Paulo pedir que a Justiça julgasse a greve dos bancários e concedesse liminar para garantir que 70% dos serviços prestados à população sejam mantidos pelos bancos e pelos funcionários. A liminar e o julgamento da greve ainda não foram definidas.
A interferência da Justiça na paralisação dos bancários foi pedida pela procuradora regional do Trabalho Oksana Boldo, que considera que o serviço bancário é considerado essencial (como o prestado por funcionários da saúde e do setor de transportes e energia) e tem de ser mantido à população. O vice-presidente do TRT também se reuniu com representantes da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Segundo o tribunal, sindicalistas e representantes dos bancos informaram que pretendem buscar "uma solução negociada para a greve".
"Em São Paulo, o atendimento ao público não foi prejudicado", diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
A paralisação, iniciada em quatro capitais no dia 15, completa hoje nove dias e conta com a adesão de mais 200 mil bancários no país em 24 capitais e 107 cidades do interior, segundo a CNB (Confederação Nacional dos Bancários). Para a Fenaban, estão parados 5% dos 28 mil pontos de atendimento. As duas entidades travam uma guerra de números porque não há como medir a adesão em cada ponto do país.
A Folha fez um levantamento informal em agências da cidade e verificou que 60% delas estavam paralisadas pelo movimento.
Em São Paulo, o sindicato informa que cerca de 2.500 bancários optaram pela continuidade da greve. Segundo o sindicato, por causa das liminares que estão sendo obtidas pelos bancos para manter as agências abertas, o número de locais parados ontem diminuiu de 354 para 296.
A categoria quer 25% de reajuste e participação nos lucros e resultados. A proposta dos bancos é de um reajuste de 8,5% a 12,77% dependendo da faixa salarial.
Representantes da CUT e da CNB entregaram ontem ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, documento que denuncia perseguições e ameaças de demissões de bancários que aderiram à greve para reajuste salarial.
"O Banco do Brasil fez uma reunião com 600 administradores para pedir repressão aos funcionários que participarem da greve. A direção do banco disse que, se esses gerentes não fizessem isso, sofreriam também as conseqüências no futuro", diz Vagner Freitas, presidente da CNB.
O Banco do Brasil nega ter feito ameaças a funcionários. A assessoria do BB informou que o banco reuniu no último dia 15 cerca de 400 empregados com cargos de confiança para discutir o impacto da greve nos negócios do banco.
Em Brasília, alguns grevistas que protestavam em frente à sede do BB entraram em confronto com a polícia. No Rio, os bancários fizeram uma manifestação em frente ao Tribunal de Justiça contra as liminares concedidas.


Com as Sucursais de Brasília e do Rio


Texto Anterior: Palocci diz que vai reduzir tributação
Próximo Texto: Saiba mais: Prejudicado pela greve deve buscar acordo, diz Idec
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.