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Procuradores decidem ir à Justiça para tentar anular a compra da Oi
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério Público Federal e o
Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro entraram ontem
com ação civil pública conjunta
pedindo a anulação da compra da
empresa de telefonia celular Oi
pela ex-estatal Telemar, gigante
de telefonia fixa que atua em 16
Estados brasileiros.
A Telemar absorveu a Oi (cuja
razão social é TNL PCS) em junho
de 2003 pelo valor simbólico de
R$ 1. Segundo os procuradores, a
operação teria causado prejuízo
de R$ 1 bilhão aos acionistas minoritários da Telemar.
A ação civil pública é assinada
por três procuradores da República -Gino Oliveira Liccione, Luiz
Fernando Lessa e Márcio Bara
Limpa- e pelo promotor de Justiça Rodrigo Terra.
Os réus são a Telemar Norte
Leste Participações (holding do
grupo, privatizada no leilão da
Telebrás, em 1998) e suas controladas Telemar Norte Leste S.A.
(operadora de telefonia fixa) e
TNL PCS Ltda. (operadora do serviço celular) e a União.
Além da anulação da venda, os
autores da ação pedem que os
réus (à exceção da União) indenizem os acionistas minoritários da
Telemar por danos morais e materiais e, ainda, paguem uma indenização, sob a forma de multa,
por terem abalado a confiança no
mercado financeiro.
Prejuízo
A Oi tem 5,5 milhões de assinantes e apresentou prejuízo de
R$ 840 milhões no ano passado. A
empresa de telefonia fixa Telemar
tem 15,2 milhões de assinantes e
apresentou faturamento líquido
de R$ 13,6 bilhões e lucro de R$
761 milhões no ano passado.
Segundo os procuradores,
quando aconteceu a venda, a Oi
acumulava prejuízo de R$ 354 milhões e R$ 5,232 bilhões de dívidas. Na transação, os acionistas
controladores injetaram R$ 526
milhões na companhia, reduzindo o endividamento para R$ 4,76
bilhões.
Segundo o promotor Rodrigo
Terra, ao vender a Oi para a Telemar, os acionistas controladores
repassaram para os minoritários
20% da dívida, equivalentes a R$ 1
bilhão.
Terra sustenta que houve abuso
de poder por parte dos controladores da holding Telemar Norte
Leste Participações, que detinha
100% das ações da Oi e 79,6% das
ações da operadora Telemar.
De acordo com os procuradores, na avaliação do patrimônio
da Oi, foi atribuído o valor de R$
1,122 bilhão para a licença do serviço celular, quando deveria ter
havido uma depreciação de 80%.
Eles chegaram ao percentual a
partir de informação da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) sobre a desvalorização
das licenças que foram postas à
venda pelo governo.
Falta de transparência
A ação também questiona a falta
de transparência dos acionistas
controladores na venda. Não
houve convocação de Assembléia
Geral de Acionistas para analisar
o negócio.
A empresa permitiu que os
acionistas interessados vissem a
documentação na sede da empresa, mas não permitiu que tirassem
cópia do material.
Segundo os procuradores, a
empresa teria criado uma ""blindagem" para não divulgar o laudo
de avaliação e chegou a ir à Justiça
para não entregar o laudo ao Ministério Público.
A investigação da compra da Oi
pela Telemar começou a ser investigada por pelo promotor Rodrigo Terra a partir de denúncia
feita por fundos de investimento
que se sentiram prejudicados
com o negócio.
A venda também é investigada
pela CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) em inquérito aberto
no ano passado.
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