São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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Operação da AmBev infla investimentos diretos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A fusão entre a empresa de bebidas brasileira AmBev e a cervejaria belga Interbrew fez com que o ingresso de investimento estrangeiro direto no Brasil atingisse níveis recordes no mês passado. Em agosto, o país recebeu US$ 6,089 bilhões em capital externo -superando até os US$ 5,644 bilhões que haviam sido registrados ao longo dos sete primeiros meses deste ano.
O resultado foi inflado por causa da troca de ações que foi feita entre as duas empresas: para efetuar a fusão, a Interbrew comprou ações da AmBev -operação que foi computada pelo Banco Central como um ingresso de investimento estrangeiro. A AmBev, por sua vez, também comprou ações da Interbrew.
A compra feita pela AmBev, porém, não é computada como um investimento estrangeiro -já que se trata de uma companhia nacional. Por isso, a distorção dos números. O valor da operação foi de US$ 4,890 bilhões.
"Foi um resultado atípico", diz o diretor do Banco Central, Eduardo Loyo. Já o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, afirma que o resultado não deve ser entendido como uma "maquiagem" dos números. "Nós mesmos estamos dizendo que [o resultado de agosto] é extraordinário."

Projeção
Com o resultado de agosto, o total de investimentos estrangeiros recebidos neste ano passou para US$ 11,734 bilhões. Por isso, a projeção para a entrada de capital externo ao longo de todo o ano de 2004 passou de US$ 12 bilhões para US$ 17 bilhões.
Se excluída a operação da AmBev, o ingresso de investimentos em agosto cai para US$ 1,199 bilhão. O valor é considerado positivo pelo Banco Central. "Não houve uma mudança em relação à tendência que vinha se observando", diz Loyo. Para que as projeções oficiais sejam cumpridas, o país precisaria contar com a entrada mensal de US$ 1,2 bilhão até dezembro.
Neste mês, segundo levantamento parcial fechado pelo Banco Central ontem, US$ 400 milhões em investimentos haviam ingressado no Brasil.
Até o próximo dia 30, esse valor deve subir para US$ 700 milhões, de acordo com projeção do próprio Banco Central.
No ano que vem, Loyo diz esperar uma melhora no fluxo de capital externo para o país. Pelas estimativas do BC, os investimentos de 2004 devem somar US$ 14 bilhões. "É um cenário de recuperação", afirma. A expectativa de crescimento da economia é apontada por ele como um dos fatores que levaria a esse aumento nos investimentos.
No ano passado, os investimentos recebidos pelo Brasil foram de apenas US$ 10,144 bilhões. Para o Banco Central, o fraco resultado se deveu à crise enfrentada pelo país ainda em 2002, quando, às vésperas das eleições, muitas empresas cancelaram seus planos de investimento no país. A volta desses investidores só começou a ser observada, lentamente, neste ano.


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