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Operação da AmBev infla
investimentos diretos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fusão entre a empresa de bebidas brasileira AmBev e a cervejaria belga Interbrew fez com que
o ingresso de investimento estrangeiro direto no Brasil atingisse níveis recordes no mês passado. Em agosto, o país recebeu US$
6,089 bilhões em capital externo
-superando até os US$ 5,644 bilhões que haviam sido registrados
ao longo dos sete primeiros meses
deste ano.
O resultado foi inflado por causa da troca de ações que foi feita
entre as duas empresas: para efetuar a fusão, a Interbrew comprou
ações da AmBev -operação que
foi computada pelo Banco Central como um ingresso de investimento estrangeiro. A AmBev, por
sua vez, também comprou ações
da Interbrew.
A compra feita pela AmBev, porém, não é computada como um
investimento estrangeiro -já
que se trata de uma companhia
nacional. Por isso, a distorção dos
números. O valor da operação foi
de US$ 4,890 bilhões.
"Foi um resultado atípico", diz
o diretor do Banco Central,
Eduardo Loyo. Já o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes, afirma que o resultado não deve ser entendido
como uma "maquiagem" dos números. "Nós mesmos estamos dizendo que [o resultado de agosto]
é extraordinário."
Projeção
Com o resultado de agosto, o total de investimentos estrangeiros
recebidos neste ano passou para
US$ 11,734 bilhões. Por isso, a
projeção para a entrada de capital
externo ao longo de todo o ano de
2004 passou de US$ 12 bilhões para US$ 17 bilhões.
Se excluída a operação da AmBev, o ingresso de investimentos
em agosto cai para US$ 1,199 bilhão. O valor é considerado positivo pelo Banco Central. "Não
houve uma mudança em relação
à tendência que vinha se observando", diz Loyo. Para que as
projeções oficiais sejam cumpridas, o país precisaria contar com a
entrada mensal de US$ 1,2 bilhão
até dezembro.
Neste mês, segundo levantamento parcial fechado pelo Banco
Central ontem, US$ 400 milhões
em investimentos haviam ingressado no Brasil.
Até o próximo dia 30, esse valor
deve subir para US$ 700 milhões,
de acordo com projeção do próprio Banco Central.
No ano que vem, Loyo diz esperar uma melhora no fluxo de capital externo para o país. Pelas estimativas do BC, os investimentos
de 2004 devem somar US$ 14 bilhões. "É um cenário de recuperação", afirma. A expectativa de
crescimento da economia é apontada por ele como um dos fatores
que levaria a esse aumento nos investimentos.
No ano passado, os investimentos recebidos pelo Brasil foram de
apenas US$ 10,144 bilhões. Para o
Banco Central, o fraco resultado
se deveu à crise enfrentada pelo
país ainda em 2002, quando, às
vésperas das eleições, muitas empresas cancelaram seus planos de
investimento no país. A volta desses investidores só começou a ser
observada, lentamente, neste ano.
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