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PIRATARIA
Americanos ameaçam retirar preferências tarifárias se governo não provar avanços na proteção à propriedade intelectual
EUA não descartam punições ao Brasil
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O embaixador norte-americano Peter Allgeier deixou claro ontem que os Estados Unidos não
descartam a possibilidade de punir o Brasil por desconfianças na
falta de firmeza do país no combate à pirataria.
"Eu não posso especular", disse
Allgeier, ao ser questionado sobre
qual será a decisão dos Estados
Unidos nesse caso. Ele afirmou
que distribuirá o relatório sobre o
combate à pirataria elaborado pelo Brasil às autoridades competentes nos EUA, que irão, por sua
vez, aconselhar o representante
de Comércio Exterior dos Estados
Unidos, Roberto Zoellick, a tomar
uma decisão final.
Os Estados Unidos ameaçam
retirar do Brasil as preferências
tarifárias concedidas no âmbito
do SGP (Sistema Geral de Preferência). O Brasil exporta por ano
cerca de US$ 2,5 bilhões em produtos que são beneficiados pelo
sistema. Os países que integram o
SGP precisam cumprir determinados critérios estipulados pelo
Congresso norte-americano para
manter os privilégios. As questões
de propriedade intelectual estão
entre esses critérios.
As autoridades brasileiras afirmam que não existem motivos
para o Brasil perder as preferências tarifárias. "Qualquer pessoa
que olhar o trabalho que o Brasil
tem feito, o relatório da CPI da Pirataria e as constantes campanhas
antipirataria, não pode ter outra
conclusão, a não ser que o país
atua seriamente contra a pirataria", afirmou o subsecretário-geral de Assuntos de Integração,
Econômicos e de Comércio Exterior do Itamaraty, Clodoaldo Hugueney.
Hugueney se encontrou ontem
com Allgeier por cerca de quatro
horas em Brasília. O principal assunto da reunião foi justamente o
combate à pirataria. Os dois países trocaram relatórios sobre o
que cada um está fazendo para
combater a indústria de falsificações e contrabando.
Desenvolvimento
Um dia antes de se encontrar
com Hugueney, Allgeier criticou a
proposta brasileira para a legislação de direitos de propriedade intelectual na Ompi (Organização
Mundial de Propriedade Intelectual).
Hugueney disse que "não há
por que ficar perplexo com a proposta", numa referência aos comentários de Allgeier. Segundo
ele, o Brasil quer regras de propriedade intelectual que levem
em conta os problemas de desenvolvimento. Ou seja, o Brasil não
quer que direitos de patentes acabem por impedir o acesso de países em desenvolvimento a novas
tecnologias, investimentos em
pesquisa e produtos importantes,
como medicamentos.
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