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Mercado já havia antecipado melhora na avaliação do Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
A promoção do Brasil a grau
de investimento pela agência
Moody's não deve se refletir em
uma enxurrada de recursos externos para o mercado doméstico, dizem analistas. Isso porque a mudança já estava embutida no preço dos ativos. Ou seja, os investidores procuraram
comprar ações e títulos prevendo que a decisão da Moody"s se
concretizasse a qualquer hora.
Para Alexandre Schwartsman, economista-chefe do
Banco Santander e ex-diretor
do BC, o mercado não deverá
ter a mesma reação do ano passado, quando o país obteve o
grau de investimento das agências Standard & Poor's e Fitch.
Schwartsman afirma que a
revisão é positiva porque vem
após a crise e num contexto de
piora das contas fiscais.
"Tenho a impressão que sim
[estava no preço]. Estava sendo
discutido havia algumas semanas e havia, inclusive, gente dizendo que o mercado "subiu no
boato e cairia no fato". Como o
que interessava já existia, o
grau de investimento por duas
agências, não há o impacto de
acesso [ao país] de fundos restritos a operar com papéis de
grau de investimento."
Os estrangeiros já trouxeram
líquidos para a Bovespa R$ 16,1
bilhões em 2009, até agora o
melhor ano da história em ingressos externos. A Bolsa brasileira é destaque no mercado
acionário mundial. Em dólares,
a Bolsa soma valorização de
111% no ano. Os analistas confiam na continuidade desse ritmo, mas sem uma euforia extra
por conta da Moody's.
Segundo Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do BC, o novo
grau de investimento já estava
em parte "no preço" do mercado. "A primeira [avaliação] teve
um significado, a segunda mais
ainda; a terceira tem, na margem, algum significado. Não é
zero. Dá uma ideia de que o país
está indo para a frente."
Segundo Edemir Pinto, presidente-executivo da BM&F
Bovespa, a crise atrasou o terceiro grau de investimento. "O
mercado aguardava isso desde
que se teve a percepção de que
o país estava saindo da crise. E
até por conta do que ele passou
[durante a crise], isso reforçava
uma nota da Moody"s", disse.
A recuperação do mercado
brasileiro neste ano não tem se
restringido à Bolsa. Ontem a
cotação do dólar desceu a seu
menor patamar em um ano,
vendido a R$ 1,798 no fim do
dia. No ano, o dólar tem depreciação de 22,96%.
Alkimar Moura, ex-diretor
do BC, também concorda que
não haverá euforia nos mercados. "Não vai ter muito efeito. É
apenas uma confirmação meio
atrasada da situação. As outras
agências foram mais agressivas
porque fizeram [a elevação da
avaliação] antes da crise. Como
o Brasil passou bem pela crise,
agora ela confirmou isso."
Para Otto Nogami, professor
de finanças do Insper (ex-Ibmec-SP), a melhora do "rating"
do país coincide com a reabertura do mercado de capitais como opção de capitalização de
empresas por meio da venda de
ações e emissão de dívida. "Não
estava inteiramente no preço,
tanto que a Bolsa continuou subindo [ontem]. A Bolsa estava
próxima de uma correção. Faz
com que fundos que ainda não
podiam investir no Brasil tenham agora essa opção", disse.
(TONI SCIARRETTA E FABRICIO VIEIRA)
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