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Abert critica investimentos
da Oi no iG
Associação de emissoras de rádio e TV mostra preocupação com reforço da atuação de teles na produção de conteúdo
"Internet é livre, mas não pode ser totalmente desregulamentada", diz presidente da Abert, que teme maior força das teles
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A movimentação do grupo
Oi/Telemar para turbinar o
portal de internet iG reacendeu
a preocupação, entre radiodifusores, de que as companhias telefônicas avancem sobre a produção de conteúdo no Brasil e
dominem o mercado com seu
gigantismo financeiro.
Oito meses depois de comprar o controle da Brasil Telecom, a Oi começou a reforçar o
iG para produzir conteúdo jornalístico e de entretenimento.
O portal pertence à estrutura
da Brasil Telecom. Antes da fusão das teles, para evitar atritos
com a radiodifusão, a Oi dizia
que não produziria conteúdo.
O presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras
de Rádio e de Televisão), Daniel
Pimentel Slaviero, afirmou à
Folha que a entidade acompanha a atuação das teles nesse
campo com preocupação.
""A internet é livre, mas não
pode ser totalmente desregulamentada. A produção de conteúdo tem restrições, no ambiente "off line", que não podem
ser desprezadas no ambiente
on-line", afirmou, referindo-se
ao artigo 222 da Constituição
que limita em 30% a participação de capital estrangeiro nas
empresa de rádio e de TV e de
mídia impressa, e obriga a gestão por brasileiros natos ou naturalizados.
O artigo da Constituição não
faz referência à limitação de capital para a produção de conteúdo para a internet, mas
diante da evolução tecnológica
e da convergência dos serviços,
a Abert fará uma discussão pública sobre o tema e programa
um seminário neste ano.
Para os radiodifusores, em
breve, não haverá mais distinção entre a TV e o rádio na internet e os sistemas abertos
convencionais. Até o modelo de
negócio -baseado na publicidade- está sendo replicado,
afirmam. Para a Abert, serviços
iguais, independentemente da
tecnologia, devem ter a mesma
regulamentação. Defende que a
atividade empresarial de produção de conteúdo para a internet obedeça à limitação de capital estrangeiro, de 30% sobre
o capital votante e sobre o capital total das empresas.
O maior receio dos radiodifusores é que as teles usem seu
poder financeiro para comprar
direitos de exclusividade de
exibição de eventos artísticos e
esportivos, diz Guilherme Stoliar, diretor do SBT. Segundo
Stoliar, o faturamento das empresas de radiodifusão equivale
a cerca de 7% do faturamento
das telefônicas e seria ""uma
concorrência desigual".
Cayman
A reação dos radiodifusores à
investida das teles na produção
de conteúdo para internet começou no início da década, com
o portal Terra, da Telefônica,
controlada por capital espanhol. Para a Abert, a TV Terra é
um serviço similar à radiodifusão.
Em 2004, o setor apoiou uma
proposta de emenda constitucional do ex-senador Maguito
Vilela, que propunha estender
a limitação de capital estrangeiro à produção local de conteúdo para a internet. O projeto
acabou engavetado.
A Oi/Telemar é controlada
por capital brasileiro (grupos
La Fonte, Andrade Gutierrez,
fundos de pensão de estatais e
BNDESPar), mas os radiodifusores desconfiam de que a participação de estrangeiros seja
superior a 30% do capital total.
Segundo a Oi, o total de ações
em poder de investidores estrangeiros era de 28% no final
de junho.
Um terço (33%) do capital do
iG pertence a uma empresa sediada no exterior: a Internet
Group Cayman, registrada nas
Ilhas Cayman, paraíso fiscal do
Caribe.
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