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FolhaInvest
Mercado de renda fixa cresce na Bovespa
Segmento evolui de forma acelerada, porém ainda existem obstáculos que limitam maior expansão, afirmam analistas
Valor total emitido em papéis passou de cerca de
R$ 6 bilhões em 2001 para mais de R$ 90 bilhões hoje, de acordo com a Bovespa
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo não resume suas operações à compra e à venda de
ações. Títulos corporativos de
renda fixa também são ofertados para negociação, formando
um segmento que tem se expandido rapidamente nos últimos anos. Mas, avaliam analistas, ainda vai demorar para que
esse negócio consiga competir
com o segmento acionário.
De um total de emissões que
ficou em R$ 5,95 bilhões em
2001, quando o Bovespa Fix entrou em funcionamento, há
atualmente acumulados
R$ 90,58 bilhões em papéis de
renda fixa lançados.
É claro que esse mercado
ainda é muito pequeno se comparado ao acionário, mas tem,
aos poucos, se tornado uma alternativa real a empresas e investidores.
O mercado de ações movimenta uma média superior a
R$ 2,1 bilhões por dia. No mercado de renda fixa, esse montante médio diário tem girado
em torno de apenas R$ 5,3 milhões.
O Bovespa Fix é o mercado
onde são negociados papéis
corporativos de renda fixa na
Bolsa paulista. Nesse segmento, são feitas operações com títulos como debêntures, FIDCs
(Fundos de Investimento em
Direitos Creditórios) e CRIs
(Certificados de Recebíveis
Imobiliários).
A Bovespa ainda conta com o
Soma Fix, que é um mercado de
balcão organizado para títulos
de renda fixa.
As debêntures são a principal
via de acesso das empresas ao
mercado de capitais. Com esses
títulos, que têm um prazo de
vencimento, as companhias
captam recursos e se comprometem a pagar uma taxa de juros aos investidores que os
compram. Os FIDCs são formados a partir de créditos futuros que uma empresa tem direito a receber. Quem investe
em uma aplicação dessas recebe uma taxa de juros para ficar
com os papéis.
Eduardo Borges, sócio-diretor do Banco Modal, diz que é
"fundamental para o mercado
de renda fixa como um todo se
desenvolver ter um mercado
secundário forte", o que ainda
não é uma realidade.
"Ainda há uma carência de
ativos. Os investidores tendem
a segurar títulos como as debêntures até os seus vencimentos, limitando as negociações
no mercado secundário", afirma Borges.
O mercado secundário é
aquele em que os investidores
compram e vendem os títulos
que adquiriram anteriormente,
quando estes foram lançados. A
Bolsa de Valores de São Paulo é
o principal centro onde essas
negociações são feitas.
Ricardo Pinto Nogueira, superintendente de operações da
Bovespa, concorda que o mercado secundário de renda fixa
ainda tem muito o que crescer.
"É preciso ter um estoque de
papéis muito maior que o atual.
Hoje, quando um investidor
compra uma debênture, é grande a tendência de ele mantê-la
em carteira, ao invés de renegociar o papel no mercado", afirma Nogueira.
Mais investidores
A expectativa dos profissionais do mercado é a de que se
consiga em breve fazer uma
emissão de debêntures de forma pulverizada.
Ou seja, dividir o título em
várias frações, de forma que o
barateie, tornando-o acessível
a pequenos investidores, que
podem investir somas menores
de dinheiro.
No mercado acionário, isso já
acontece na esmagadora maioria dos IPOs (lançamentos iniciais de ações).
Hoje o mercado secundário
de renda fixa acaba sendo uma
realidade só para investidores
qualificados -os que têm pelo
menos R$ 300 mil para aplicar.
"É importante que haja a pulverização do mercado de debêntures. Precisamos ter um
primeiro caso de debênture
pulverizada para que esse mercado deslanche. Esperamos
que isso ocorra ainda neste
ano", diz Nogueira, da Bovespa.
O desenvolvimento do mercado de renda fixa também passa pela disseminação da figura
conhecida como "market maker" - o formador de mercado.
O "market maker" é um banco de investimento ou uma corretora de valores que é contratada para ampliar a liquidez de
determinado papel.
Isso é feito por meio de operações de compra e venda de
papéis, com a intenção de aumentar a sua liquidez.
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