São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FolhaInvest

Mercado de renda fixa cresce na Bovespa

Segmento evolui de forma acelerada, porém ainda existem obstáculos que limitam maior expansão, afirmam analistas

Valor total emitido em papéis passou de cerca de R$ 6 bilhões em 2001 para mais de R$ 90 bilhões hoje, de acordo com a Bovespa

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo não resume suas operações à compra e à venda de ações. Títulos corporativos de renda fixa também são ofertados para negociação, formando um segmento que tem se expandido rapidamente nos últimos anos. Mas, avaliam analistas, ainda vai demorar para que esse negócio consiga competir com o segmento acionário.
De um total de emissões que ficou em R$ 5,95 bilhões em 2001, quando o Bovespa Fix entrou em funcionamento, há atualmente acumulados R$ 90,58 bilhões em papéis de renda fixa lançados.
É claro que esse mercado ainda é muito pequeno se comparado ao acionário, mas tem, aos poucos, se tornado uma alternativa real a empresas e investidores.
O mercado de ações movimenta uma média superior a R$ 2,1 bilhões por dia. No mercado de renda fixa, esse montante médio diário tem girado em torno de apenas R$ 5,3 milhões.
O Bovespa Fix é o mercado onde são negociados papéis corporativos de renda fixa na Bolsa paulista. Nesse segmento, são feitas operações com títulos como debêntures, FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
A Bovespa ainda conta com o Soma Fix, que é um mercado de balcão organizado para títulos de renda fixa.
As debêntures são a principal via de acesso das empresas ao mercado de capitais. Com esses títulos, que têm um prazo de vencimento, as companhias captam recursos e se comprometem a pagar uma taxa de juros aos investidores que os compram. Os FIDCs são formados a partir de créditos futuros que uma empresa tem direito a receber. Quem investe em uma aplicação dessas recebe uma taxa de juros para ficar com os papéis.
Eduardo Borges, sócio-diretor do Banco Modal, diz que é "fundamental para o mercado de renda fixa como um todo se desenvolver ter um mercado secundário forte", o que ainda não é uma realidade.
"Ainda há uma carência de ativos. Os investidores tendem a segurar títulos como as debêntures até os seus vencimentos, limitando as negociações no mercado secundário", afirma Borges.
O mercado secundário é aquele em que os investidores compram e vendem os títulos que adquiriram anteriormente, quando estes foram lançados. A Bolsa de Valores de São Paulo é o principal centro onde essas negociações são feitas.
Ricardo Pinto Nogueira, superintendente de operações da Bovespa, concorda que o mercado secundário de renda fixa ainda tem muito o que crescer. "É preciso ter um estoque de papéis muito maior que o atual. Hoje, quando um investidor compra uma debênture, é grande a tendência de ele mantê-la em carteira, ao invés de renegociar o papel no mercado", afirma Nogueira.

Mais investidores
A expectativa dos profissionais do mercado é a de que se consiga em breve fazer uma emissão de debêntures de forma pulverizada.
Ou seja, dividir o título em várias frações, de forma que o barateie, tornando-o acessível a pequenos investidores, que podem investir somas menores de dinheiro.
No mercado acionário, isso já acontece na esmagadora maioria dos IPOs (lançamentos iniciais de ações).
Hoje o mercado secundário de renda fixa acaba sendo uma realidade só para investidores qualificados -os que têm pelo menos R$ 300 mil para aplicar.
"É importante que haja a pulverização do mercado de debêntures. Precisamos ter um primeiro caso de debênture pulverizada para que esse mercado deslanche. Esperamos que isso ocorra ainda neste ano", diz Nogueira, da Bovespa.
O desenvolvimento do mercado de renda fixa também passa pela disseminação da figura conhecida como "market maker" - o formador de mercado.
O "market maker" é um banco de investimento ou uma corretora de valores que é contratada para ampliar a liquidez de determinado papel.
Isso é feito por meio de operações de compra e venda de papéis, com a intenção de aumentar a sua liquidez.


Texto Anterior: Vitória de Lula ameaça reformas, diz jornal inglês
Próximo Texto: Antes de controle, é preciso cortar juros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.