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Saldo das contas externas cai ao menor nível em 4 anos
BC atribui declínio ao aumento das remessas de lucros e dividendos ao exterior
Banco diz que situação
do país é confortável, pois
investimento estrangeiro em
alta é suficiente para financiar
o balanço de pagamentos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O saldo das contas externas
brasileiras chegou, no mês passado, ao seu menor nível em
quase quatro anos. A principal
causa do declínio, segundo o
Banco Central, é o aumento das
remessas de lucros e dividendos ao exterior, que neste ano
já registram aumento de 19%.
Nos últimos 12 meses, a chamada conta de transações correntes -que inclui todas as negociações de bens e serviços com outros países- teve um
superávit de US$ 9 bilhões, ou
0,75% do PIB do período. Embora o saldo continue positivo,
a sua relação com o PIB é a mais
baixa desde novembro de 2003.
Isso significa que, se consideradas as operações como as de
comércio exterior, remessas de
lucros e pagamento de juros, o
Brasil ainda recebe mais dólares do que envia para fora. Essa
folga, porém, tem caído.
Entre janeiro e setembro
deste ano, o superávit em transações correntes foi de US$
5,640 bilhões, queda de 45%
ante o mesmo período de 2006.
Ainda assim, o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes, diz que a situação do país é confortável. "Há
uma redução [no superávit em
transações correntes], mas o
saldo continua positivo e é
acompanhado por um fluxo de
investimento estrangeiro ainda
elevado, o que é mais do que suficiente para financiar o balanço de pagamentos."
Ou seja, para Lopes, ainda
que as transações correntes
-cujo principal item é a balança comercial- apresentem resultados menos expressivos, as
contas externas podem ser financiadas pelos investimentos
estrangeiros que o Brasil deve
receber daqui para a frente.
O economista Luciano Miceli, da Tendências Consultoria,
afirma que o aumento nas remessas de lucros não é um sinal
ruim. "Pelo contrário, é o natural. Ainda bem que [as empresas] estão lucrando", diz.
No mês passado, essas remessas somaram US$ 1,686 bilhão, o maior valor já apurado
num mês de setembro. No ano,
o total enviado ao exterior chega a US$ 13,784 bilhões -valor
que inclui tanto os ganhos obtidos por empresas estrangeiras
instaladas no Brasil quanto por
investidores internacionais
que aplicam seus recursos no
mercado financeiro nacional.
Miceli cita ainda outros
eventos que compensam a redução do saldo em transações
correntes, como o aumento das
reservas internacionais e a redução da dívida externa. Combinados, esses fatores ajudariam a proteger o país: no caso
de uma crise mais acentuada na
economia global, o país não teria necessidade de honrar grandes compromissos e ainda poderia contar com suas reservas.
Relatório do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) ressalta ainda que o aumento das remessas
também foi afetado pelo câmbio, já que, em agosto, o dólar se
valorizou. "Certamente os
agentes preferiram aguardar
um câmbio mais favorável para
efetuar as remessas."
Quanto mais valorizado o
câmbio, maior é o estímulo para as remessas, pois uma mesma quantidade de reais consegue comprar um volume maior
de dólares.
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