São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Investigado em CPI é sócio de empresa citada no caso Cisco

Emídio Cipriani foi alvo da CPI do Banestado, que relatou indícios de lavagem de dinheiro

Empresário é irmão de ex-controlador da Transbrasil; segundo a PF, empresa Waytec integrava esquema de importações ilegais

VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Waytec Tecnologia em Comunicação -apontada pela Operação Persona, da Polícia Federal, como uma das empresas que participavam da fraude fiscal supostamente comandada pela Cisco Brasil- tem como um dos sócios Emídio Cipriani, segundo a ficha de registro na Junta Comercial do Estado de São Paulo.
Emídio é ex-conselheiro fiscal da Transbrasil, empresa aérea que pertencia a seu irmão Antônio Celso Cipriani e quebrou em 2001, deixando à época R$ 910 milhões em dívidas.
A fábrica da Waytec, que produz monitores de cristal líquido, fica em Ilhéus (BA). O Estado dá subsídios a importadoras de material de informática, desde que os componentes de fora passem por processo de industrialização no Brasil. Segundo a PF, a Waytec simulava a industrialização de mercadorias para garantir tributação menor, beneficiando a Cisco.
Os nomes de Emídio e Antônio Celso Cipriani apareceram, em 2003, nas investigações da CPI do Banestado, apontados como beneficiários de contas no exterior. "Eles entraram na CPI por conta de lavagem, pois encontramos dinheiro deles lá fora. Quando fomos para os EUA e trouxemos toda a documentação de lá, encontramos essas lavagens todas", disse ontem à Folha o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que presidiu a comissão.
Por falta de acordo político no Congresso, não foi votado um relatório final da CPI.
Em voto em separado, em 2004, Paes de Barros diz que foram encontradas movimentações no exterior em nome de Emídio, Antônio Celso e de empresas de sua propriedade, entre elas a Waytec Tecnologia em Comunicação. Antônio Celso figurou como sócio da empresa até março de 2003.
Entre as movimentações, o ex-senador destaca "remessas para constituição de empresas em paraísos fiscais e movimentações diversas em contas mantidas por doleiros para promover evasão de divisas e lavagem de dinheiro". O documento diz que Emídio foi beneficiário de, ao menos, US$ 3 milhões em contas fora do país e que a Waytec remeteu R$ 188,2 mil para pagar empréstimos. Emídio e Antônio Celso sempre negaram irregularidades.
Outro sócio da Waytec, Moisés Aleixo Nunes, aparece em relatório da PF na Operação Persona, que interceptou diálogos dos suspeitos, conforme a Folha revelou anteontem. Em um deles, teria dito: "Como é que eu ia industrializar um negócio de dois metros de altura que custa US$ 700 mil? Aí não tinha jeito. Aí eu falei: "Luís, inventa. Faz qualquer coisa'".

Endereço
A Waytec Comercial, outra empresa citada pela PF e que também tem Emídio como sócio, tem endereço em São Paulo, segundo a Junta Comercial, em um imóvel de fundos numa rua do Jardim Aeroporto, zona sul. No local, a Folha encontrou em funcionamento um estúdio fotográfico e, na frente, uma serralheria. Segundo um funcionário da serralheria, desde que trabalha no local, há cinco anos, a Waytec não funcionou naquele endereço.


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