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Investigado em CPI é sócio de empresa citada no caso Cisco
Emídio Cipriani foi alvo da CPI do Banestado, que relatou indícios de lavagem de dinheiro
Empresário é irmão de
ex-controlador da Transbrasil; segundo a PF, empresa Waytec integrava esquema de importações ilegais
VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Waytec Tecnologia em Comunicação -apontada pela
Operação Persona, da Polícia
Federal, como uma das empresas que participavam da fraude
fiscal supostamente comandada pela Cisco Brasil- tem como um dos sócios Emídio Cipriani, segundo a ficha de registro na Junta Comercial do Estado de São Paulo.
Emídio é ex-conselheiro fiscal da Transbrasil, empresa aérea que pertencia a seu irmão
Antônio Celso Cipriani e quebrou em 2001, deixando à época R$ 910 milhões em dívidas.
A fábrica da Waytec, que produz monitores de cristal líquido, fica em Ilhéus (BA). O Estado dá subsídios a importadoras
de material de informática,
desde que os componentes de
fora passem por processo de industrialização no Brasil. Segundo a PF, a Waytec simulava
a industrialização de mercadorias para garantir tributação
menor, beneficiando a Cisco.
Os nomes de Emídio e Antônio Celso Cipriani apareceram,
em 2003, nas investigações da
CPI do Banestado, apontados
como beneficiários de contas
no exterior. "Eles entraram na
CPI por conta de lavagem, pois
encontramos dinheiro deles lá
fora. Quando fomos para os
EUA e trouxemos toda a documentação de lá, encontramos
essas lavagens todas", disse ontem à Folha o ex-senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que presidiu a comissão.
Por falta de acordo político
no Congresso, não foi votado
um relatório final da CPI.
Em voto em separado, em
2004, Paes de Barros diz que
foram encontradas movimentações no exterior em nome de
Emídio, Antônio Celso e de
empresas de sua propriedade,
entre elas a Waytec Tecnologia
em Comunicação. Antônio Celso figurou como sócio da empresa até março de 2003.
Entre as movimentações, o
ex-senador destaca "remessas
para constituição de empresas
em paraísos fiscais e movimentações diversas em contas
mantidas por doleiros para
promover evasão de divisas e
lavagem de dinheiro". O documento diz que Emídio foi beneficiário de, ao menos, US$ 3 milhões em contas fora do país e
que a Waytec remeteu R$ 188,2
mil para pagar empréstimos.
Emídio e Antônio Celso sempre negaram irregularidades.
Outro sócio da Waytec, Moisés Aleixo Nunes, aparece em
relatório da PF na Operação
Persona, que interceptou diálogos dos suspeitos, conforme a
Folha revelou anteontem. Em
um deles, teria dito: "Como é
que eu ia industrializar um negócio de dois metros de altura
que custa US$ 700 mil? Aí não
tinha jeito. Aí eu falei: "Luís, inventa. Faz qualquer coisa'".
Endereço
A Waytec Comercial, outra
empresa citada pela PF e que
também tem Emídio como sócio, tem endereço em São Paulo, segundo a Junta Comercial,
em um imóvel de fundos numa
rua do Jardim Aeroporto, zona
sul. No local, a Folha encontrou em funcionamento um estúdio fotográfico e, na frente,
uma serralheria. Segundo um
funcionário da serralheria, desde que trabalha no local, há
cinco anos, a Waytec não funcionou naquele endereço.
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