|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Microsoft faz acordo em caso antitruste
Após acerto com autoridades européias, empresa afirma que divulgará informações técnicas a companhias concorrentes
A Microsoft já pagou quase
1 bilhão em multas e pode ter de pagar mais 1,6 bilhão por ter se recusado a fornecer informações a concorrentes
STEVE LOHR
KEVIN J. O'BRIEN
DO "NEW YORK TIMES"
A Microsoft abandonou a luta iniciada nove anos atrás contra as autoridades antitruste da
Europa e anunciou ontem que
não apelará de uma decisão judicial pela qual deverá divulgar
informações técnicas a concorrentes sob termos aos quais
sempre resistiu.
As autoridades regulatórias
européias e alguns grupos de
software na Europa elogiaram
a decisão, afirmando que se trata de um avanço que pode abrir
as portas a uma competição
mais livre, especialmente no
mercado para os servidores que
acionam as redes das empresas
e a internet.
O acordo aceito pela Microsoft também manterá inalterada uma decisão do segundo
mais alto tribunal europeu,
anunciada no mês passado, que
fornecerá forte base legal ao
poder da União Européia para
forçar uma empresa dominante a abrir aos rivais o acesso à
sua propriedade intelectual.
Mas qual efeito o acordo terá
sobre o mercado mundial de
software é algo que ainda terá
de ser decidido, porque muitas
questões referentes ao caso foram resolvidas por meio de
projetos técnicos ou acordos
extrajudiciais anteriores, de
acordo com analistas do setor.
Como parte de seus esforços
para resolver os problemas
com as autoridades antitruste,
a Microsoft chegou a dispendiosos acordos com concorrentes que costumavam ser seus
mais loquazes críticos, entre os
quais Sun Microsystems, IBM e
Novell. Uma queixa da Sun, em
1998, deu início à investigação
antitruste pela UE.
Os acordos privados entre a
Microsoft e os concorrentes,
afirmam os analistas, tipicamente incluem licenciamento
mútuo de tecnologias e cláusulas sobre divulgação de informações técnicas.
A Microsoft já pagou quase
1 bilhão em multas desde a decisão inicial sobre o caso e pode
ter de pagar mais 1,6 bilhão,
um montante que começou a
ser acumulado em dezembro
de 2005, a data limite para que
a empresa fornecesse os protocolos.
A comissária européia de
Competição, Neelie Kroes, descreveu o acordo como uma
grande vitória para os rivais da
Microsoft, especialmente para
as que usam software de código
aberto como o sistema operacional Linux, alternativa cada
vez mais popular ao Windows.
A ordem européia dispõe que
a Microsoft compartilhe de informações sobre sua tecnologia
em termos justos, de modo que
o software de rivais possa operar facilmente com o Windows.
"As mudanças nas práticas
de negócio da Microsoft, em especial com relação aos criadores de software de fonte aberta,
afetarão profundamente o setor de software", disse Kroes,
em nota. "As repercussões dessas mudanças começarão agora
e continuarão por anos".
Nos termos do acordo, a Microsoft anunciou que não apresentaria nova apelação à Corte
Européia de Justiça, o que poderia arrastar o caso por mais
dois ou três anos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Texto Anterior: Concorrência: STF cassa liminar concedida à Vale contra Cade Próximo Texto: Governo se dispõe a cortar imposto de tele 3G Índice
|