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Rentabilidade no Brasil fica comprometida
DA REDAÇÃO
A situação brasileira não
difere da dos Estados Unidos. "Vivemos um problema
igual ao deles", diz Antonio
de Padua Rodrigues, diretor
técnico da Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar). Isso faz com que haja
reavaliação de projetos e
muitos esperam definição
melhor do mercado, afirma.
Na avaliação de Padua,
uma eventual interrupção de
investimentos no Brasil é
ainda pior do que nos Estados Unidos. Por lá, um investimento pode ser concretizado em apenas seis meses e, quando desativado, a matéria-prima, o milho, vai para o
silo e tem outro aproveitamento.
No Brasil, um investimento no setor tem um período
bem mais longo de maturação do que nos Estados Unidos. Dura de seis a oito anos,
considerando os investimentos industriais e o ciclo da lavoura de cana-de-açúcar,
matéria-prima básica na
produção de álcool no Brasil.
A cana-de-açúcar só pode
ser utilizada para produzir
álcool ou açúcar, o que dificultaria ainda mais a interrupção de um projeto desse.
Por isso, muitos investimentos estão sendo mais bem
avaliados, segundo Padua.
O Brasil, com produção total prevista de 20,5 bilhões
de litros de álcool na safra
2007/2008, recebeu 19 novos projetos neste ano. Para
o próximo, estão previstos
30, e outros 23 já estão encaminhados para 2009. Ainda
estão em análise outros 21
projetos também para 2009.
Assim como nos Estados
Unidos, o excesso de oferta
derruba os preços também
no Brasil. A diferença é que
aqui há uma garantia de 25%
na mistura de álcool na gasolina e um aumento contínuo
de carros bicombustíveis.
Mesmo com esses incentivos, os investidores estão pisando no freio. Segundo Padua, as usinas estão com perdas neste ano devido à queda
de preços, e o cenário não é
animador para a safra
2008/9. O mercado externo,
que poderia servir de escoamento do produto, ainda não
está desenvolvido.
Transformar a cana-de-açúcar em açúcar também
não resolve porque há excesso de produto no mercado
internacional. Outro empecilho para o setor é a política
fiscal de alguns Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e Bahia, onde os impostos tornam o álcool menos competitivo.
O Brasil não tem problema
de excesso de oferta, "mas
essa produção maior faz com
que o preço se torne inviável
para as usinas", diz Padua.
A queda nos preços do álcool respinga também sobre
os produtores, que recebem
conforme o valor final do
açúcar e do álcool. "O nosso
momento é delicado. A expectativa é recebermos R$
35 por tonelada em média
neste ano, bem abaixo do
custo de R$ 42", afirma Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana, associação
de produtores de cana.
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