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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Mantega telefona a Paulson; Meirelles, a Bernanke
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou para o secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para o seu colega
do Fed, Ben Bernanke, antes de
anunciarem ontem o pacote de
medidas autorizando o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica
Federal a comprarem participações em instituições financeiras privadas. O objetivo deles foi mostrar que o Brasil estava atuando em sintonia com
os principais países do mundo
para enfrentar a crise financeira internacional.
Tanto Paulson como Bernanke teriam apoiado as medidas adotadas pelo governo.
Bernanke teria, inclusive, acenado com a possibilidade de
trocar dólares por reais, a
exemplo das operações que o
Fed tem feito com o Banco
Central Europeu e com o Banco Central do Japão. Uma das
medidas de ontem do pacote
autoriza o Banco Central a realizar operações de "swap" de
moedas com bancos centrais de
outros países.
O principal objetivo do Banco Central, ao adotar essa medida de "swap" de moedas, é adquirir dólares do Fed para ter
mais uma ferramenta do governo para conter a desvalorização
do câmbio no país. Com esse
instrumento, o BC poderia
poupar o uso das reservas internacionais.
Nos últimos dias, o governo
brasileiro tem intensificado
suas ligações com os Estados
Unidos. A reunião do G20, em
Washington, há duas semanas,
ajudou a aproximar os dois países neste momento de crise financeira global. O encontro,
que foi presidido por Guido
Mantega, contou inclusive com
a participação inesperada do
presidente George Bush.
No início de novembro, haverá uma nova reunião do G20
em São Paulo, com a presença
dos ministros da Fazenda e
presidentes do banco central
dos maiores países do mundo e
dos emergentes. Esse encontro
deve servir como uma espécie
de prévia para a reunião do G8
ampliado no dia 15 de novembro, que já está sendo chamada
de um novo Bretton Woods do
mundo.
Lula se espelha em política anticrise de Gordon Brown
O presidente Lula está cada
vez mais inspirado no primeiro-ministro britânico Gordon
Brown. Durante sua viagem à
Índia, Lula conversou com
Brown sobre a crise internacional. O primeiro-ministro traçou um quadro alarmante, que
deixou Lula assustado com a
extensão e a duração da crise.
A partir dessa conversa, Lula
determinou a Guido Mantega
(Fazenda), e a Henrique Meirelles (BC), que adotassem ações
mais vigorosas contra a crise
global. A medida provisória publicada ontem no "Diário Oficial", que autoriza o governo a
adquirir participação acionária
em instituições financeiras privadas, segue essa linha.
Lula está convicto de que a
saída para a crise foi a solução
adotada por Brown. Ele lançou
um pacote anticrise focado na
estatização parcial de instituições financeiras em dificuldade, plano que está sendo copiado no mundo inteiro.
Entre os economistas, no entanto, a MP brasileira gerou
controvérsias. Para Antonio
Corrêa de Lacerda, da PUC, a
medida é "uma prudência necessária", embora não haja evidências de que os bancos enfrentem problemas financeiros
graves. Já William Eid Junior,
da FGV, não viu a decisão com
bons olhos. "Ao fazer isso, o governo está dizendo que há instituições financeiras em risco."
FESTA DE ARROMBA
Por conta da crise, Milton
Muraro, dono do Anzuclub,
em Itu, terá que investir
mais do que esperava no Ultra Music Festival, evento de
música eletrônica que promoverá em novembro.
Quando fechou contratos
com DJs estrangeiros, antes
do agravamento da crise, pagou metade dos cachês. O
restante ficou para depois e
caiu "no pico do dólar". Bebidas importadas também
estão pesando, segundo Muraro, que ainda não repassou
aos clientes. "Estou reduzindo na minha margem de lucro por enquanto, mas se a
situação não mudar, terei
que subir o preço em 2009."
TELEFONE
Fábio Barbosa (Febraban)
ligou ontem para Guido
Mantega para elogiar a MP
443. Para ele, a medida fortalece o sistema financeiro.
ELOGIO
Adalberto Savioli (Acrefi),
também elogiou a ação. Segundo ele, não há bancos
brasileiros quebrando, mas
sim com problemas de liquidez e de confiança.
BOLA DE NEVE
Francisco Fragata Jr., advogado especializado em relações de consumo, do Fragata e Antunes Advogados, que diz que com a crise vem uma tendência de alta no volume de inadimplências, e, com isso, as ações no Judiciário devem aumentar; "o número de pessoas não pagando vai crescer e isso eleva a demanda no Poder Judiciário"; segundo Fragata, Estados como Bahia e São Paulo não estão preparados para atender ao aumento
LIQUIDEZ
Armando Monteiro Neto
(CNI) disse ao vice-presidente José Alencar, que,
nesta crise, uma saída para
elevar a liquidez é subir,
mesmo provisoriamente, o
prazo de recolhimento de
tributos. E as empresas ganhariam capital de giro sem
recorrer a bancos. Hoje, elas
fecham contratos de vendas
para receber em 120 dias,
mas têm de recolher tributos entre 30 e 45 dias.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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