São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Oposição chama Mantega de mentiroso; base faz críticas

Ministro e Meirelles depuseram anteontem na Câmara e omitiram novas medidas

Opositores dizem que nova MP pode atrasar acordo para votar a anterior e falam em comissão parlamentar para fiscalizar ação de bancos

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A medida provisória que permite compra de bancos e empresas por bancos oficiais repercutiu negativamente no Congresso, que irá analisá-la.
Líderes, inclusive da base aliada ao presidente Lula, criticaram o fato de o governo não ter divulgado a medida anteontem, durante comissão geral realizada na Câmara dos Deputados com o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do BC, Henrique Meirelles.
Líderes dos dois principais partidos da base aliada, os deputados Maurício Rands (PT-PE) e Henrique Eduardo Ales (PMDB-RN) reclamaram da "falta de transparência" dos ministros anteontem durante audiência na Câmara e demonstraram preocupação com relação ao real cenário do país.
"Acho que, no mínimo, deveria ter sido comentado com todos os parlamentares [a edição da nova MP] durante audiência na Câmara", disse Rands.
"Achamos estranho eles [ministros] não terem falado nada, com certeza isso vai dificultar as negociações", afirmou Alves.
Congressistas da oposição chegaram a chamar Mantega de "mentiroso" por ele ter dito no dia anterior, em comissão na Câmara, que não havia nenhum tipo de subsídio para as instituições em estudo.
O deputado Paulo Renato (PSDB-SP) protocolou duas representações sobre a MP: uma na Procuradoria Geral da República e outra no Tribunal de Contas da União. Ele quer fiscalização sobre os processos de compra sem licitação.
Já o líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), propôs a criação de comissão parlamentar externa para o acompanhamento dos subsídios. "Precisamos mais do que nunca ficar atentos e fiscalizar. E o que nos deixa mais perplexos é que o ministro [Mantega] mentiu descaradamente ao tentar nos tranqüilizar", disse Renato.
A nova medida do governo também pode prejudicar a aprovação da MP 442, editada no começo do mês e que muda a forma com que o Banco Central faz empréstimos para socorrer bancos, cuja votação está marcada para a próxima terça-feira.
O líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP), disse que o acordo feito para votar rápido a medida do BC tem de ser revisto diante do novo contexto.
Também da base aliada ao governo, o líder do PR, deputado Luciano Castro (RR), lembrou que Meirelles chegou a se ausentar da reunião na Câmara -acredita, agora, para finalizar a nova MP. "A posição dos ministros de ontem [anteontem] foi de tranqüilizar o mercado quanto às instituições, então qual o motivo da MP? Se o cenário fosse de paz não teriam dispensado o processo licitatório, por exemplo. Acho que isso tudo demonstrou a insegurança das autoridades monetárias", avalia Castro.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu que foi informado sobre a MP do BC ainda durante a reunião com os ministros e que o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), também sabia da novidade.
Chinaglia defende que as duas MPs editadas para contornar a crise sejam analisadas conjuntamente.


Colaborou ANDREZA MATAIS , da Sucursal de Brasília


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