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Oposição chama Mantega de mentiroso; base faz críticas
Ministro e Meirelles depuseram anteontem na Câmara e omitiram novas medidas
Opositores dizem que nova MP pode atrasar acordo para votar a anterior e falam em comissão parlamentar para fiscalizar ação de bancos
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A medida provisória que permite compra de bancos e empresas por bancos oficiais repercutiu negativamente no
Congresso, que irá analisá-la.
Líderes, inclusive da base aliada ao presidente Lula, criticaram o fato de o governo não ter
divulgado a medida anteontem,
durante comissão geral realizada na Câmara dos Deputados
com o ministro Guido Mantega
(Fazenda) e o presidente do
BC, Henrique Meirelles.
Líderes dos dois principais
partidos da base aliada, os deputados Maurício Rands (PT-PE) e Henrique Eduardo Ales
(PMDB-RN) reclamaram da
"falta de transparência" dos
ministros anteontem durante
audiência na Câmara e demonstraram preocupação com
relação ao real cenário do país.
"Acho que, no mínimo, deveria ter sido comentado com todos os parlamentares [a edição
da nova MP] durante audiência
na Câmara", disse Rands.
"Achamos estranho eles [ministros] não terem falado nada,
com certeza isso vai dificultar
as negociações", afirmou Alves.
Congressistas da oposição
chegaram a chamar Mantega
de "mentiroso" por ele ter dito
no dia anterior, em comissão na
Câmara, que não havia nenhum tipo de subsídio para as
instituições em estudo.
O deputado Paulo Renato
(PSDB-SP) protocolou duas representações sobre a MP: uma
na Procuradoria Geral da República e outra no Tribunal de
Contas da União. Ele quer fiscalização sobre os processos de
compra sem licitação.
Já o líder do PPS, deputado
Fernando Coruja (SC), propôs
a criação de comissão parlamentar externa para o acompanhamento dos subsídios. "Precisamos mais do que nunca ficar atentos e fiscalizar. E o que
nos deixa mais perplexos é que
o ministro [Mantega] mentiu
descaradamente ao tentar nos
tranqüilizar", disse Renato.
A nova medida do governo
também pode prejudicar a
aprovação da MP 442, editada
no começo do mês e que muda a
forma com que o Banco Central
faz empréstimos para socorrer
bancos, cuja votação está marcada para a próxima terça-feira.
O líder do PSDB, deputado
José Aníbal (SP), disse que o
acordo feito para votar rápido a
medida do BC tem de ser revisto diante do novo contexto.
Também da base aliada ao
governo, o líder do PR, deputado Luciano Castro (RR), lembrou que Meirelles chegou a se
ausentar da reunião na Câmara
-acredita, agora, para finalizar
a nova MP. "A posição dos ministros de ontem [anteontem]
foi de tranqüilizar o mercado
quanto às instituições, então
qual o motivo da MP? Se o cenário fosse de paz não teriam
dispensado o processo licitatório, por exemplo. Acho que isso
tudo demonstrou a insegurança das autoridades monetárias", avalia Castro.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu que foi informado sobre a
MP do BC ainda durante a reunião com os ministros e que o
líder do governo, deputado
Henrique Fontana (PT-RS),
também sabia da novidade.
Chinaglia defende que as
duas MPs editadas para contornar a crise sejam analisadas
conjuntamente.
Colaborou ANDREZA MATAIS , da Sucursal de
Brasília
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