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Bush convoca cúpula entre G7 e emergentes
Reunião será em Washington, em 15 de novembro, e tentará redesenhar parte da estrutura internacional da economia
Encontro terá os integrantes do G7 e representantes de economias como Argentina, Brasil, China, Coréia do Sul,
Índia, México e Rússia
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, oficializou ontem a realização de
uma cúpula no mês que vem
para discutir a atual crise financeira e tentar redesenhar parte
da estrutura internacional da
economia. O anúncio veio num
dia de quedas generalizadas
nos principais mercados de
ações do planeta e de temor de
recessão em vários países.
São esperados para a cúpula
todos os países integrantes do
chamado G20, composto pelos
membros do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França,
Reino Unido, Itália e Canadá) e
mais um grupo de nações
emergentes que inclui Argentina, Brasil, China, Coréia do Sul,
Índia, México e Rússia.
A reunião, oficialmente chamada de Cúpula sobre Mercados Financeiros e Economia
Mundial, será durante todo o
dia 15 de novembro, um sábado.
O local ainda não está definido.
Deve ser escolhido um edifício
na região de Washington. Na
noite anterior, os chefes de Estado dos 20 países participarão
de um jantar na Casa Branca.
Segundo a secretária de imprensa do governo norte-americano, Dana Perino, não está
ainda clara a extensão das alterações para o sistema financeiro mundial que poderão emergir desse encontro. A reunião
pode ser um "novo Bretton
Woods", a depender do grau de
compromisso dos governos
presentes.
Bretton Woods é o nome do
tratado assinado na cidade homônima, em 1944, nos EUA,
quando foram formatadas as
instituições multilaterais que
passaram a comandar a economia planetária -o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e o
Banco Mundial. Há um consenso hoje entre a maioria dos governos sobre a obsolescência
desses organismos para reagir
com rapidez e eficácia no atual
mundo globalizado.
A decisão de Bush de comandar o processo ocorreu depois
de muita reticência. A idéia de
realizar a cúpula nasceu dentro
do G8, o clube dos sete países
mais ricos do mundo mais a
Rússia. O primeiro-ministro
britânico, Gordon Brown,
anunciou há menos de dez dias
que o encontro poderia ser esperado para as próximas semanas. Faltava a adesão dos EUA.
No último sábado, Bush foi
pressionado pessoalmente em
Washington. Recebeu o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. Nesse encontro,
ficou tudo acertado, e o norte-americano aceitou sediar a cúpula, apesar de o momento ser
politicamente delicado para
ele: dia 4 de novembro o país
elege um novo presidente, que
toma posse em 20 de janeiro.
Bush pediu um tempo para
fazer algumas prospecções políticas e diplomáticas. Consultou os dois candidatos que concorrem à Casa Branca, o democrata (oposição) Barack Obama
e o republicano John McCain.
É possível que o vencedor participe da cúpula.
Além disso, Bush passou
também a telefonar pessoalmente para os líderes do G20. O
presidente Lula foi um dos que
conversaram com Bush. Quando ficou claro que todos os países apoiavam a iniciativa, a Casa Branca resolveu ontem oficializar a notícia.
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