São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Bush convoca cúpula entre G7 e emergentes

Reunião será em Washington, em 15 de novembro, e tentará redesenhar parte da estrutura internacional da economia

Encontro terá os integrantes do G7 e representantes de economias como Argentina, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, México e Rússia

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, oficializou ontem a realização de uma cúpula no mês que vem para discutir a atual crise financeira e tentar redesenhar parte da estrutura internacional da economia. O anúncio veio num dia de quedas generalizadas nos principais mercados de ações do planeta e de temor de recessão em vários países.
São esperados para a cúpula todos os países integrantes do chamado G20, composto pelos membros do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) e mais um grupo de nações emergentes que inclui Argentina, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, México e Rússia.
A reunião, oficialmente chamada de Cúpula sobre Mercados Financeiros e Economia Mundial, será durante todo o dia 15 de novembro, um sábado. O local ainda não está definido. Deve ser escolhido um edifício na região de Washington. Na noite anterior, os chefes de Estado dos 20 países participarão de um jantar na Casa Branca.
Segundo a secretária de imprensa do governo norte-americano, Dana Perino, não está ainda clara a extensão das alterações para o sistema financeiro mundial que poderão emergir desse encontro. A reunião pode ser um "novo Bretton Woods", a depender do grau de compromisso dos governos presentes.
Bretton Woods é o nome do tratado assinado na cidade homônima, em 1944, nos EUA, quando foram formatadas as instituições multilaterais que passaram a comandar a economia planetária -o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. Há um consenso hoje entre a maioria dos governos sobre a obsolescência desses organismos para reagir com rapidez e eficácia no atual mundo globalizado.
A decisão de Bush de comandar o processo ocorreu depois de muita reticência. A idéia de realizar a cúpula nasceu dentro do G8, o clube dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou há menos de dez dias que o encontro poderia ser esperado para as próximas semanas. Faltava a adesão dos EUA.
No último sábado, Bush foi pressionado pessoalmente em Washington. Recebeu o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. Nesse encontro, ficou tudo acertado, e o norte-americano aceitou sediar a cúpula, apesar de o momento ser politicamente delicado para ele: dia 4 de novembro o país elege um novo presidente, que toma posse em 20 de janeiro.
Bush pediu um tempo para fazer algumas prospecções políticas e diplomáticas. Consultou os dois candidatos que concorrem à Casa Branca, o democrata (oposição) Barack Obama e o republicano John McCain. É possível que o vencedor participe da cúpula.
Além disso, Bush passou também a telefonar pessoalmente para os líderes do G20. O presidente Lula foi um dos que conversaram com Bush. Quando ficou claro que todos os países apoiavam a iniciativa, a Casa Branca resolveu ontem oficializar a notícia.


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