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Encontro está longe de ser um Bretton Woods
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Bretton Woods 2. A reunião dos países do G20, convocada ontem pelo presidente americano George W.
Bush para 15 de novembro, já
ganhou uma alcunha. O termo é uma referência ao encontro histórico que em 1944
redesenhou o sistema financeiro mundial.
Na reta final da 2ª Guerra,
com a Europa destruída, 44
países se reuniram na cidade
americana de Bretton
Woods sob a batuta dos EUA,
criando instituições como o
FMI e o Banco Mundial.
"Eu sou muito cético [sobre a idéia de um Bretton
Woods 2]", diz Rubens Ricupero. Para o ex-ministro da
Economia, a cúpula deve resultar apenas numa maior
regulamentação do mercado.
O economista Luís Gonzaga Belluzzo, da Unicamp,
também crê na necessidade
de uma "supervisão financeira global". "Talvez um novo
organismo", diz, para evitar
bolhas como a do subprime.
Seria o tal organismo um
super Banco Central internacional? "Essa era a proposta do [economista inglês
John] Keynes [em 1944]. Ele
defendia uma espécie de
moeda internacional, com
gestão multilateral" para
servir como referência às reservas nacionais.
Sua proposta não vingou e
o dólar se estabeleceu definitivamente como a moeda internacional. Foi o chamado
"padrão-ouro", que estabelecia um rastro do metal para
cada dólar americano. Os demais países tinham, então,
suas reservas referenciadas
em dólar e poderiam trocar
no Federal Reserve seus dólares por ouro. Em 1971, no
governo Richard Nixon, os
EUA abandonaram unilateralmente o sistema. Nascia o
câmbio flutuante e começava a grande farra.
A festa americana
"Há quem diga que nós já
vivemos um segundo Bretton Woods", diz Ricupero,
referindo-se ao atual "equilíbrio" financeiro, iniciado
com o câmbio flutuante.
Desde então, os EUA se
sentiram livres para se endividar. Seus principais credores passaram a ser a China e
os "tigres asiáticos", cujas
economias exportadoras
cresceram vertiginosamente
no lastro do apetitoso mercado importador americano.
O redesenho deste sistema
a la Bretton Woods incluiria
a revisão desta relação, o que
parece pouco provável, a julgar pelos polpudos US$ 6 trilhões em reservas dos asiáticos (quase metade do PIB de
US$ 14 trilhões dos EUA).
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