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Participação estrangeira em títulos públicos é recorde
Proporção de papéis nas mãos de investidor externo vai a 7,15%, o equivalente a R$ 112 bi
Para Tesouro, incidência de
IOF não deve reduzir apetite
de estrangeiros pelos
títulos; dívida pública cai
após quatro meses de alta
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o governo adota
medidas para tentar frear a invasão de capital externo no país
com o objetivo de conter a
apreciação do câmbio, a participação do investidor internacional no estoque da dívida brasileira bateu recorde em setembro. Com queda de 1,39% após
quatro meses seguidos de elevação, o endividamento fechou
o período em R$ 1,488 trilhão.
Equivalente a R$ 111,6 bilhões, a proporção de títulos
em posse de estrangeiros chegou no mês passado a 7,15% da
dívida, o maior valor da série
histórica do Tesouro Nacional,
iniciada em janeiro de 2006.
O pico anterior havia sido em
agosto de 2008, com 7%. Na crise, a retração mundial de capitais fez a participação desses
investidores minguar, ficando
em 5,6% em março.
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, o retorno dos agentes internacionais deve ser atribuído à percepção da capacidade do Brasil
em honrar os compromissos.
"Isso reflete a confiança nos
fundamentos econômicos do
país e a retomada da economia
brasileira", avaliou.
Para Garrido, a adoção da cobrança de IOF, com taxa de 2%
na entrada de capitais no país,
não deve influir significativamente no movimento dos investidores estrangeiros, uma
vez que a maioria negocia papéis de longo prazo.
"O apetite continuará alto
porque, mesmo com a tributação, o rendimento dos títulos
brasileiros com esse perfil ainda é maior que o de outros países", diz Alcides Leite, professor de mercado financeiro da
Trevisan Escola de Negócios.
Além disso, os juros pagos
em papéis prefixados em setembro ficaram maiores. A remuneração dos títulos NTN-F
com vencimento em 2013, por
exemplo, passou de 11,98% ao
ano no início do mês passado
para 12,96% no primeiro leilão
de outubro. A solução encontrada pelo Tesouro, então, foi
negociar menos papéis para
não alimentar a alta dos bônus.
Com isso, os resgates superaram as emissões em R$ 27,63
bilhões, contribuindo para a redução da dívida no mês. O resultado não inclui o empréstimo, via emissão de títulos, de
US$ 1,250 bilhão no mercado
externo, ocorrida no fim de setembro, mas registrada apenas
em outubro.
"A estratégia do Tesouro em
momentos de grande volatilidade do mercado é diminuir os
lotes de títulos prefixados de
longo prazo, além de reduzir o
intervalo médio de vencimento
dos papéis emitidos ao longo do
mês", disse Garrido, que revelou que o planejamento está se
repetindo em outubro.
Para o estrategista-sênior do
Banco WestLB, Roberto Padovani, o próprio governo é responsável pela necessidade de
uma menor emissão desses títulos. "É natural a exigência de
prêmios maiores por parte dos
investidores quando existe a
percepção de uma política fiscal menos responsável."
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