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ECONOMIA GLOBAL
Membros cogitam alterar linguagem de comunicado que acompanha decisões e agradam investidores
Fed sinaliza que alta de juros pode terminar
DA REDAÇÃO
DA FOLHA ONLINE
Os riscos de inflação continuam
a preocupar o Federal Reserve
(Fed, o BC americano), mas já há
sinais de que a política de aumentos de juros do banco possa estar
chegando ao fim, segundo a ata da
reunião de política monetária realizada no último dia 1º, quando o
banco levou os juros a 4% ao ano.
Em um indício de que seus
membros ainda estão preocupados com as pressões inflacionárias, a ata do Fed diz que "há um
risco de que a alta cumulativa nos
preços dos derivados do petróleo
seja transmitido ao núcleo dos
preços". O núcleo dos índices de
inflação exclui preços de alimentos e energia, e o Fed costuma
usar o indicador para monitorar o
comportamento dos preços.
Por isso, o banco continua a julgar importante a "remoção da política acomodativa" (alta de juros
gradual que não atrapalha a expansão da economia) que vem
adotando desde junho de 2004
-quando os juros, então em 1%
ao ano, começaram a subir.
Membros da diretoria do Fed,
no entanto, "notaram que a política teria de se tornar cada vez mais
sensível aos dados econômicos".
"Alguns membros alertaram de
que os riscos de ir longe demais
com o processo de aperto poderiam começar a surgir." Mas o
Fed não estipula nenhum prazo
para interromper a alta de juros.
Mesmo assim, a notícia foi bem
recebida ontem em Wall Street, já
que o possível fim do trajeto de alta dos juros seria positivo para as
empresas. O Dow Jones, principal
índice da Bolsa de Nova York, subiu 0,47%, e a Bolsa eletrônica
Nasdaq registrou alta de 0,53%.
A linguagem do Fed para descrever o cenário econômico e o
movimento da política monetária
também pode mudar. "Vários aspectos da linguagem dos comunicados terão de mudar em breve,
principalmente os que se relacionam com a caracterização e o panorama da política", diz a ata.
Desde 2004, o Fed vinha dizendo, em todas as atas, que os juros
continuariam subindo num ritmo "moderado" para conter a inflação. A frase é interpretada pelo
mercado como um sinal de que os
juros subiriam 0,25 ponto percentual a cada uma das reuniões.
Se, no comunicado que acompanhar uma das próximas reuniões, a frase for diferente, o mercado deve interpretar isso como
um sinal de que a trajetória de alta
dos juros está terminando.
Para alguns analistas, o fim da
alta nos juros será positivo para a
economia. "O Fed parece estar reconhecendo que vai chegar o momento de parar de aumentar os
juros, e isso é muito bom para o
mercado de ações", disse Scott
Wren, do AG Edwards & Sons.
Outros economistas acreditam,
porém, que o Fed ainda não fez o
suficiente para conter as pressões
inflacionárias. "Acho que é para
cima e avante para os aumentos
nas taxas", disse Richard Yamarone, da Argus Research, que prevê que haverá alta de 0,25 ponto
percentual na próxima reunião
do Fed, em 13 de dezembro.
No dia 31 de janeiro de 2006,
Alan Greenspan deixará a presidência do Federal Reserve, cargo
em que está desde 1987.
Com a saída de Greenspan, o
novo presidente do banco deve
ser Ben Bernanke, atual chefe do
Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca. Bernanke
foi escolhido pelo presidente
George W. Bush para o posto,
mas seu nome ainda tem que ser
aprovado pelo Senado.
Bernanke é defensor do sistema
de metas inflacionárias explícitas
(no qual os bancos centrais devem estabelecer um limite máximo conhecido para a inflação do
país e não permitir que os preços
no país ultrapassem esse teto), o
que não existe hoje nos EUA.
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