São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 2005

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ECONOMIA GLOBAL

Membros cogitam alterar linguagem de comunicado que acompanha decisões e agradam investidores

Fed sinaliza que alta de juros pode terminar

DA REDAÇÃO
DA FOLHA ONLINE


Os riscos de inflação continuam a preocupar o Federal Reserve (Fed, o BC americano), mas já há sinais de que a política de aumentos de juros do banco possa estar chegando ao fim, segundo a ata da reunião de política monetária realizada no último dia 1º, quando o banco levou os juros a 4% ao ano.
Em um indício de que seus membros ainda estão preocupados com as pressões inflacionárias, a ata do Fed diz que "há um risco de que a alta cumulativa nos preços dos derivados do petróleo seja transmitido ao núcleo dos preços". O núcleo dos índices de inflação exclui preços de alimentos e energia, e o Fed costuma usar o indicador para monitorar o comportamento dos preços.
Por isso, o banco continua a julgar importante a "remoção da política acomodativa" (alta de juros gradual que não atrapalha a expansão da economia) que vem adotando desde junho de 2004 -quando os juros, então em 1% ao ano, começaram a subir.
Membros da diretoria do Fed, no entanto, "notaram que a política teria de se tornar cada vez mais sensível aos dados econômicos". "Alguns membros alertaram de que os riscos de ir longe demais com o processo de aperto poderiam começar a surgir." Mas o Fed não estipula nenhum prazo para interromper a alta de juros.
Mesmo assim, a notícia foi bem recebida ontem em Wall Street, já que o possível fim do trajeto de alta dos juros seria positivo para as empresas. O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, subiu 0,47%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq registrou alta de 0,53%.
A linguagem do Fed para descrever o cenário econômico e o movimento da política monetária também pode mudar. "Vários aspectos da linguagem dos comunicados terão de mudar em breve, principalmente os que se relacionam com a caracterização e o panorama da política", diz a ata.
Desde 2004, o Fed vinha dizendo, em todas as atas, que os juros continuariam subindo num ritmo "moderado" para conter a inflação. A frase é interpretada pelo mercado como um sinal de que os juros subiriam 0,25 ponto percentual a cada uma das reuniões.
Se, no comunicado que acompanhar uma das próximas reuniões, a frase for diferente, o mercado deve interpretar isso como um sinal de que a trajetória de alta dos juros está terminando.
Para alguns analistas, o fim da alta nos juros será positivo para a economia. "O Fed parece estar reconhecendo que vai chegar o momento de parar de aumentar os juros, e isso é muito bom para o mercado de ações", disse Scott Wren, do AG Edwards & Sons.
Outros economistas acreditam, porém, que o Fed ainda não fez o suficiente para conter as pressões inflacionárias. "Acho que é para cima e avante para os aumentos nas taxas", disse Richard Yamarone, da Argus Research, que prevê que haverá alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Fed, em 13 de dezembro.
No dia 31 de janeiro de 2006, Alan Greenspan deixará a presidência do Federal Reserve, cargo em que está desde 1987.
Com a saída de Greenspan, o novo presidente do banco deve ser Ben Bernanke, atual chefe do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca. Bernanke foi escolhido pelo presidente George W. Bush para o posto, mas seu nome ainda tem que ser aprovado pelo Senado.
Bernanke é defensor do sistema de metas inflacionárias explícitas (no qual os bancos centrais devem estabelecer um limite máximo conhecido para a inflação do país e não permitir que os preços no país ultrapassem esse teto), o que não existe hoje nos EUA.


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