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Intenção de consumo cresce em 2009; para 80% das mulheres, ano será melhor
DA REPORTAGEM LOCAL
As mulheres, principalmente
as que conseguiram entrar no
mercado de consumo nos últimos anos, querem continuar
gastando em 2009. Apesar de a
intenção de compras diminuir
em várias categorias durante o
período de festas, para o primeiro trimestre o movimento é
oposto.
"É de extrema relevância que
as pessoas queiram voltar a tomar crédito e consumir", afirma Bruno Rocha, economista
da consultoria Tendências. "A
retração exagerada do consumo, em momentos de crise,
tende a agravar a situação."
Para 79% das entrevistadas
na pesquisa feita pelo instituto
de pesquisa Ibope Inteligência,
2009 será melhor ou muito
melhor do que 2008.
"Infelizmente essa realidade
não depende só da vontade",
diz Francisco Pessoa Faria Júnior, economista da consultoria LCA. "Apesar de haver uma
tendência de inflação menor e
de alta maior do salário mínimo, há riscos em outras áreas."
No início do ano, as mulheres
esperam comprar mais produtos de beleza e limpeza e alguns
tipos de alimento. Como é tradicional, pretendem aumentar
seus gastos com viagens em 3%
e, com lazer, em 5%.
Em itens mais caros e cujo
consumo caiu drasticamente
nas últimas semanas, a intenção de compra continua negativa. Porém, a queda é menor.
A intenção de compra de carros, por exemplo, caiu 4% no
mês passado e passou para 5%
negativos no Natal. Até março,
a intenção de compra estava
apenas 1% negativa.
Na área de materiais de construção, cuja intenção de compras das entrevistadas diminuiu 4% no último mês e no
Natal tinham intenção 7% negativos, para janeiro continua
em queda, mas de 2%.
Responsáveis pelo sustento
de 48% das famílias brasileiras,
segundo o IBGE, a pesquisa
mostrou que as mulheres estão
mais conscientes de seus gastos
e não abrem mão de poderes
conquistados. Elas, por exemplo, não têm a menor intenção
de abrir mão de xampus, sabonetes, cremes e outros gastos
pessoais, mesmo se houver um
acirramento da crise em 2009.
"As mulheres são há muito
pouco tempo sujeitos do consumo e começam a priorizar
itens para elas próprias, e não
apenas para os filhos e o marido", afirma a antropóloga Mirian Goldenberg, professora da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro).
Em caso de crise, a consumidora faz a manicure em casa e
usa marcas mais baratas, mas
não abre mão desse artigo que,
no Brasil, segundo Goldenberg,
é gênero de primeira necessidade. "No Brasil, o corpo e a
aparência são considerados patrimônios", diz ela. "É um capital que, quanto mais bem cuidado, mais a mulher tem valor
em vários mercados, como no
profissional, no afetivo e no sexual. A mulher não pode parar
de investir nesse capital."
A consumidora que gastava
de acordo com sua vontade,
sem pensar em planejamento,
também mudou. Apenas 13%
planejam decidir suas compras
de Natal sem observar os limites do orçamento.
(CB)
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