São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008

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Intenção de consumo cresce em 2009; para 80% das mulheres, ano será melhor

DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres, principalmente as que conseguiram entrar no mercado de consumo nos últimos anos, querem continuar gastando em 2009. Apesar de a intenção de compras diminuir em várias categorias durante o período de festas, para o primeiro trimestre o movimento é oposto.
"É de extrema relevância que as pessoas queiram voltar a tomar crédito e consumir", afirma Bruno Rocha, economista da consultoria Tendências. "A retração exagerada do consumo, em momentos de crise, tende a agravar a situação."
Para 79% das entrevistadas na pesquisa feita pelo instituto de pesquisa Ibope Inteligência, 2009 será melhor ou muito melhor do que 2008.
"Infelizmente essa realidade não depende só da vontade", diz Francisco Pessoa Faria Júnior, economista da consultoria LCA. "Apesar de haver uma tendência de inflação menor e de alta maior do salário mínimo, há riscos em outras áreas."
No início do ano, as mulheres esperam comprar mais produtos de beleza e limpeza e alguns tipos de alimento. Como é tradicional, pretendem aumentar seus gastos com viagens em 3% e, com lazer, em 5%.
Em itens mais caros e cujo consumo caiu drasticamente nas últimas semanas, a intenção de compra continua negativa. Porém, a queda é menor.
A intenção de compra de carros, por exemplo, caiu 4% no mês passado e passou para 5% negativos no Natal. Até março, a intenção de compra estava apenas 1% negativa.
Na área de materiais de construção, cuja intenção de compras das entrevistadas diminuiu 4% no último mês e no Natal tinham intenção 7% negativos, para janeiro continua em queda, mas de 2%.
Responsáveis pelo sustento de 48% das famílias brasileiras, segundo o IBGE, a pesquisa mostrou que as mulheres estão mais conscientes de seus gastos e não abrem mão de poderes conquistados. Elas, por exemplo, não têm a menor intenção de abrir mão de xampus, sabonetes, cremes e outros gastos pessoais, mesmo se houver um acirramento da crise em 2009.
"As mulheres são há muito pouco tempo sujeitos do consumo e começam a priorizar itens para elas próprias, e não apenas para os filhos e o marido", afirma a antropóloga Mirian Goldenberg, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Em caso de crise, a consumidora faz a manicure em casa e usa marcas mais baratas, mas não abre mão desse artigo que, no Brasil, segundo Goldenberg, é gênero de primeira necessidade. "No Brasil, o corpo e a aparência são considerados patrimônios", diz ela. "É um capital que, quanto mais bem cuidado, mais a mulher tem valor em vários mercados, como no profissional, no afetivo e no sexual. A mulher não pode parar de investir nesse capital."
A consumidora que gastava de acordo com sua vontade, sem pensar em planejamento, também mudou. Apenas 13% planejam decidir suas compras de Natal sem observar os limites do orçamento. (CB)


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