São Paulo, segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

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FINANÇAS

Baixa liquidez amplia volatilidade do mercado; para analista, Bovespa deve virar o ano entre 11 mil e 12,5 mil pontos

Natal esvazia Bolsa; política influencia dólar

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas das ações mais penalizadas por incertezas quanto ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram as que mais subiram na semana passada.
Nos próximos dias, a volatilidade poderá crescer. Em razão do Natal, a liquidez deverá ser pequena. Para uma parcela do mercado, o humor deve se manter de neutro para levemente positivo na Bolsa paulista.
"Ninguém fará grandes apostas com o feriado. Poderá haver oscilações, mas não com grande volume", diz Pedro Martins, estrategista para renda variável do JP Morgan. "Entre 11 mil e 12,5 mil pontos seria um valor justo para Bolsa na virada do ano." A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou na sexta-feira passada em 11.489 pontos.

De olho na ata
O IGP-M de dezembro e a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que saem na próxima quinta-feira, são os destaques nacionais da semana. Como diretores do Banco Central demonstraram interesse em permanecer em seus cargos no próximo governo, a ata cresce em interesse.
A possível indicação dos nomes de presidentes e altos executivos de bancos controlados pelo governo federal poderá, dependendo dos nomes, ter alguma repercussão no mercado.
Na semana que passou, a Bolsa devolveu um pouco da euforia que vinha tendo por causa da notícia da ausência do PMDB no ministério do governo eleito.
Ainda assim, a Bovespa encerrou o pregão de sexta-feira em alta de 2,52%, com ganho de 8,7% na semana. No ano, segue negativa (recuo de 15,3%).

Dólar
O mercado de câmbio mostrou-se mais sensível e, depois de cinco dias de queda, o dólar fechou cotado a R$ 3,49.
"Essa reação mostra maior percepção do risco", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyds TSB. "Foi um movimento de "zeração" em função da péssima notícia política. O mercado aproveitou para pôr um pouco de lucro no bolso."
As oscilações podem ser maiores nos próximos dias, que devem ser de poucos negócios.
"O dólar bateu em R$ 3,41, fechou a R$ 3,49. Imagine semana que vem, sem liquidez", completa Thomazoni.
Para analistas, sem o desentendimento do governo eleito com o PMDB, o dólar teria tido espaço para cair mais.
Praticamente não há mais dívidas externas privadas para vencer (a maioria das remessas já foi antecipada) e o Banco Central rolou cerca de 84% do vencimento de cambiais do próximo dia 2. A especulação perde importância, razão pela qual o dólar ainda teria gás para queda.

Papéis
Investidores privilegiaram na semana passada papéis mais penalizados pelas incertezas do governo Lula.
São ações de empresas de setores regulados ou semi-regulados pelo governo federal, ou que foram pressionadas pelo aumento do risco-país medido pelo banco JP Morgan (índice Embi +), como bancos, empresas elétricas, Petrobras, Sabesp e uma parcela dos papéis de telefonia.

Petróleo
A crise no Oriente Médio, que, segundo especialistas, parece se aproximar cada vez mais de uma solução bélica, e a greve na Venezuela elevaram a tensão nos mercados internacionais do petróleo.
Os dois conflitos abalaram a confiança dos investidores e não permitiram a recuperação nas Bolsas internacionais, pela repercussão que podem ter no preço do petróleo e na aversão global aos investimento de risco.
Como os ativos brasileiros estavam com prêmios muito ruins, houve descolamento da tendência internacional, de acordo com os analistas.


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